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Entrevistas

Entrevista: Maurício Farias

Meu filme é sobre fantasia, beleza e magia

Por Luiz Joaquim | 06.10.2005 (quinta-feira)

Em passagem pelo Recife na última segunda-feira para divulgar o filme “O Coronel e O Lobisomem”, estiveram os atores Diogo Vilela, Selton Mello, Ana Paula Arosio e o diretor Maurício Farias. Filho do também cineasta Roberto Farias (de “Assalto ao Trem Pagador”, 1962, e “Pra Frente Brasil”, 1982), Maurício é mais conhecido por ser o responsável pelo sucesso de “A Grande Família” na Rede Globo e por outra dezena de trabalhos na TV. Mas, em conversa conosco, o estreante em longa-metragem revelou que sua primeira relação com o audiovisual foi mesmo com o cinema.

Tendo nascido numa família que se alimentava de cinema para viver, Maurício foi parar, aos 10 anos de idade, como ator, no set de filmagens do longa-metragem “As Aventuras do Tio Maneco” (1971), de Flávio Migliaccio (e que hoje está sendo refilmado). “De lá pra cá, trabalhei em vários campos técnicos do cinema. Fiz som, edição de som, produção, assistência de direção e por aí fui até ingressar na televisão em 1983”, relembra.

Autor de dois curtas-metragens – “A Espera” (1985) e “Bilhete Premiado” (1992) – Maurício foi convidado por Guel Arraes a dar uma nova cara no cinema a “O Coronel…”. “O filme já fora levado à tela em 1979, por Alcino Diniz, e o próprio Guel já fizera uma versão para a TV. A idéia aqui era trabalhar a partir do que o Guel havia feito”.

Sobre seu elenco, Maurício afirma que não há nada melhor que trabalhar numa produção com parceiros, amigos. Além de Guel, a quem conhece há mais de seis anos, Pedro Paulo Rangel, Andréa Beltrão (esposa de Maurício), Francisco Milani, Mauro Farias, Tunico Pereira e Othon Bastos, que compõem os personagens de apoio do filme, ajudaram-no a encontrar o que achou ser o melhor tom para dar ao filme. “Era um grupo quase de irmãos. Uma família com quem trabalho há anos. O diálogo era muito tranqüilo no set de filmagem. Gosto como eles fazem humor”, destacou.

A propósito do humor, pergunto se “O Coronel…” tem a pretensão de arrebatar o mesmo público dos sucessos “O Auto da Compadecida” e “Lisbela e O Prisioneiro”, pela semelhança com o universo popular. Maurício reconhece alguma semelhança aqui a acolá com seu filme e os citados, mas diz que a diferencia está no fato que “O Coronel…” não é uma comédia pura. “Sim, tem humor, mas é também drama e poesia. É na realidade uma fábula sobre um sonhador que perde tudo o que tem na vida e vai ao tribunal se defender contando uma história imaginosa. O filme tem uma personalidade própria, enfim”, diz o diretor.

Quem vir o filme perceberá que parte dessa personalidade está no belo palavreado saído direto do livro de José Cândido de Carvalho (autor do livro que deu origem ao filme) para a boca dos atores. Mas o que é bonito e singular no livro pode ser a ruína na tela. Questionei se em algum momento a produção temeu pelo linguajar literário no filme. Atrapalharia a comunicação com o público? Maurício responde com um sincero “sim” e continua: “mas fizemos questão de manter dessa forma. Primeiro porque foram três craques adequando o roteiro (Guel, João Falcão e Jorge Furtado), segundo porque acreditamos que era importante levar esse universo literário ao público. Vale salientar que o importante aqui não é “o que” é dito, mas sim “como” é dito”, explicou.

Para finalizar, Maurício, que está se preparando para rodar no cinema “A Grande Família” no segundo semestre de 2006, responde a minha pergunta: que argumento usaria para convidar alguém a assistir “O Coronel e O Lobisomem”? Com um sorriso respeitosamente humilde (para quem lerá esta entrevista, claro), ele é objetivo: “Eu diria que o espectador vai ver uma adaptação de uma obra-prima da literatura, com produção e elenco maravilhosos; e aqui vai encontrar humor e suspense, além de momentos de fantasia, beleza e magia. Acho que são boas sensações. Sensações nobres”, encerrou com um brilho no olho.

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