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Críticas

Blade: Trinity

Sangue coagulado. Blade perde força em terceiro filme da franquia.

Por Luiz Joaquim | 31.07.2018 (terça-feira)

Há um sarcasmo logo na abertura de Blade: Trinity (EUA, 2004). Logo após o tremular da logomarca da Marvel, grupo criador do vampiro-herói que dá título ao filme, uma voz informa que o cinema gerou muita bobagem com essa história de Drácula, e que a origem de tudo estava em Blade. A ironia aqui está no fato de que, ao fim da sessão desse terceiro episódio da franquia Blade, o espectador confere como é frágil a estrutura sob a qual se sustenta esse chupa-sangue vivido por Wesley Snipes. Já Drácula…

Mas não foi assim em 1998, quando o primeiro filme estreou sob a direção de Stephen Norrington (responsável pelos efeito especiais em Aliens). Ali, Blade trazia fôlego e vigor juvenil para um personagem milenar. Vampiros ganhavam assim uma vestimenta nova, perfeita para a platéia de mutiplex que, como se sabe, é essencialmente jovem. Combinava sede por sangue com lutas marciais ao som de uma trilha sonora alucinante (o techno, que começava a ganhar popularidade). O filme agradou público e crítica logo na abertura, quando na boate subterrânea uma ducha de sangue banhavam uma multidão de vampiros ensandecidos. A referência com outro clássico de vampiros, Fome de Viver (1983), era clara.

Mas coreografias de lutas marciais no cinema perderam muito da força visual em 1999 diante dos efeitos surgidos em Matrix; o techno também não é mais nenhuma novidade em filmes de ação, nem tampouco é mais impactante a imagem digitalizada de criaturas grotescas com dentões afiados. Ou seja, sustentando-se nesse tripé e na ausência de um roteiro envolvente, percebe-se neste terceiro filme da série que Blade ficou velho em apenas seis anos.

Para quem não é familiarizado com o herói, é importante saber que Blade é um vampiro do bem, que, claro, caça os vampiros do mal. Nessa terceira aventura, ele perde seu único companheiro de briga, o humano Whistler (Kris Kristofferson, parecendo um hippie mumificado). Ao mesmo tempo, uma vampira do mal (Parker Posey) ressuscita, num deserto qualquer, Drake (Dominic Purcell) – a criatura que deu origem a raça e detém todo o mal e superpoder que um bicho ruim desse poder ter.

Blade ganha reforço na turma de Abigail (Jessica Biel, de Celular), filha bastarda de Whistler, que junto ao ex-vampiro Hannibal King (Ryan Reynolds) oxigenam os diálogos de Blade: Trinity com piadas afiadas. “Soltei um pum de alho. Silencioso, mas fatal”, diz Hannibal sarcástico enquanto leva um pisa de um bando de vampiros do mal. Não adianta procurar muito. Isso é a essência desse filme dirigido por David S. Goyer.

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