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Críticas

A Família do Futuro

Quando o vilão rouba cena

Por Luiz Joaquim | 05.04.2007 (quinta-feira)

O conselho “siga em frente” é o que mais será ouvido
em “A Família do Futuro” (Meet The Robinsons, EUA,
2007), nova animação da Walt Disney, criada em 3-D
digital, mas disponibilizada no Brasil nesse formato
apenas em duas salas equipadas para essa tecnologia
(no Rio de Janeiro e São Paulo). No Recife exibe a
versão 2-D. De maneira competente, a Disney não fez do
efeito 3-D aqui a maior atração do filme, mas sim a
fantasia que circunda a vidinha solitária do órfão e
mini-gênio Lewis.

Com menos de dez anos e morando num orfanato que lhe
arranja entrevista com pais interessados em adoção,
Lewis sempre coloca tudo a perder quando, tentando
impressionar os pais pretendentes, apresenta sua
engenhocas. Obsessivo para conhecer sua mãe, ele
inventa o scanner de cérebro, capaz de resgatar todas
as memórias perdidas e apresentá-las num monitor de TV
Sua idéia é ver o rosto de sua mãe, durante os poucos
momento que esteve com ela, quando ainda era um bebê
de colo.

Já na feira de ciência da escola, onde acredita que
ira triunfar com sua invenção, surgem duas figuras
vindas futuro. Um é Wilbur, um garoto um ano mais
velho que Lewis, que lhe avisa para ter cuidado com O
Homem de Chapéu Coco.

Aqui vale um parágrafo para o vilão mais divertido,
como não se via há anos, nas animações de Hollywood. À
primeira impressão, O Homem de Chapéu Coco lembra Dick
Vigarista da “Corrida Maluca”. E não só pela aparência
magricela e seu colante negro, com direito a capa
negra esvoaçante, mas também pelo fato de sempre
fracassar nas tentativas de fazer o mal. Fracassar
pela absoluta falta de inteligência. Sua única chance
de êxito acontece via seu Chapéu Coco, uma espécie de
robô que ora lembra R2-D2, de “Guerra nas Estrelas”,
ora lembra HAL 9000, de “2001 – Uma Odisséia no
Espaço”.

É Wilbur que, numa viagem ao futuro com Lewis, o
ajudará a encontrar seu scanner de cérebro, roubado
pelo vilão picareta. Uma vez lá, Lewis conhece a
família de seu novo amigo e aqui o roteirista Michelel
Bochner caprichou na apresentação de cada membro da
família. Desde o avô que gosta de vestir a roupa de
trás para frente, até a tia que gosta de ensinar sapos
a cantar (incluindo um robô falante), fica bem claro
que a família de Wilbur é bem diferente em todos os
aspectos . O interessante aqui, e já marca registrada
da Disney, além de muito bem arquitetado pelo diretor
Stephen J. Anderson, é a lição de que ser diferente
não é um problema quando se vive em harmonia.

Há também a constante mensagem de que, independente de
qual seja a adversidade, “siga em frente”. No final do
filme descobrimos ser este um dos lemas do próprio
Walt Disney. Com se não bastasse, a “A Família do
Futuro” ainda oferece para as crianças um espetacular
cenário, não rico apenas em cores mas também dando
margem para as invencionices que podem habitar a
cabecinha dos pequenos a respeito de como seria o
futuro.

Uma pena não poder conferir o filme em 3-D no Recife.
Tal experiência, vê-lo em 3-D, é excepcional
(conferimos uma sessão de “Família do Futuro” em São
Paulo) pelo fato de que a essência dos desenhos em
digital é a mesma da tridimensionalidade, ou seja,
volume. Desta forma o casamento é perfeito.

Antes do início propriamente do longa-metragem, a
Disney oferece uma animação curta com os elétricos
“Tico e Tico”. Com as trapalhadas que lhes são comum,
os esquilos fazem confusão num zoológico para
conseguir amendoim de graça, ao mesmo tempo que Donald
tenta, fracassadamente, evitar a bagunça. É provável
que, nesse momento, as gargalhadas dos adultos abafem
a das crianças.

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