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Festivais

18o. CineCeará – (2008) – 1a. noite

Cinismo em família no CineCeará

Por Luiz Joaquim | 10.04.2008 (quinta-feira)

FORTALEZA (CE) – A noite de ontem (quinta-feira), na abertura do 18° CineCeará – Festival Ibero-Americano , recebeu uma trégua da inesperada chuva forte que ia e vinha em Fortaleza durante a semana. Foi uma noite de celebração da maioridade do festival e de homenageados. Um deles, o paraibano José Dumont, emocionou o público no discurso, salientando o gosto especial de ter a carreira lembrada num lugar especial para ele, como é o Nordeste. Já o octogenário Fernando Birri, cantarolou canções que incluiu em seu “Elegia Friulana”, projetado na ocasião. O curta é uma espécie de ‘álbum de memória cinematográfico ‘ que remete à sua descendência na Itália.

Com o auditório do Centro Cultural SESC Luiz Severiano Ribeiro, na Praça do Ferreira, lotado (e já incomodando com o calor), “Nossa Vida Não Cabe num Opala”, do paulista Reinaldo Pinheiro, abriu a competitiva de longas surgindo como uma incógnita. Primeiro longa de Pinheiro (do curta “BMW Vermelho”), foi adaptado, pelas mãos do roteirista Di Moretti, da peça “Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet”, de Mário Bortoloto, vencedora do Prêmio Shell em 2000.

A dramaturgia parte da morte do patriarca, vivido por Paulo César Peréio (pouco aproveitado), de uma família suburbana paulista composta pelos irmãos Monk (Leonardo Medeiros) como um ex-boxer derrotado; Lupa (Milhem Cortaz), um bobão ‘puxador’ de Opalas; do jovem Slide (Gabriel Pinheiro) dividido entre os destinos dos dois irmãos mais velhos, e de Magali (Maria Manuela), mulher inerte e sem expectativas com a família, com o profissional e o emocional.

A proposta aqui é a de mostrar tensões humanas em conflito, num grupo familiar desesperançoso e em frangalhos, cuja razão da fragmentação e decadência não fica tão definida, tendo como dica apenas as aparições do falecido patriarca lamentando o rumo dos filhos.

Filme também dialoga com o humor, que ganha força legítima pela participação à vontade de Cortaz (em especial contracenando com Maria Luisa Mendonça), enchendo a tela com a presença anárquica e imbecil de seu personagem bem desenvolvido. Mas o humor também parece fugir do controle da direção, tendo causado, inclusive alguns risos involuntários na platéia do Cine São Luiz.

Assim como a participação de Peréio soa insuficiente, outras especiais, como as de Dercy Gonçalves, Marília Pera e até Maguila surgem sem força no enredo. Apenas Jonas Bloch, no ‘modo’ “Amarelo Manga” tem presença forte. Em particular numa cena de estupro com Maria Manuela, remetendo ao “Bonitinha, Mas Ordinária”, do Braz Chediak. Filme será exibido no Cine-PE, e deve ter lançamento comercial depois de maio.

Amanhã à noite tem início a mostra competitiva dos curtas-metragens brasileiros. E Pernambuco já está presente em duas projeções: “Décimo Segundo”, de Leo Lacca, e “Fiz Zun Zun e Pronto”, de Marcelo Lordello.

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