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Críticas

O Menino da Porteira

Faroste caboclo

Por Luiz Joaquim | 05.03.2009 (quinta-feira)

A semana em que o cinema brasileiro tem um novo recordista de bilheteria (leia matéria abaixo) ganha amanhã uma nova estréia de forte apelo popular, particularmente com os que gostam da música caipira e sertaneja, ou seja, os mesmos mais de 5 milhões que viram “2 Filhos de Francisco”. Trata-se de “O Menino da Porteira” (Bra., 2009), de Jeremias Moreira, com o cantor Daniel protagonizando um peão de boiadeiro chamado Diogo.

“O Menino da Porteira” já teve uma primeira versão rodada em 1976 com Sérgio Reis no papel que hoje é de Daniel. Fez 4,5 milhões de espectadores num outro contexto social e numérico de salas de exibição no país. O filme foi dirigido pelo mesmo Jeremias Moreira, que depois faria o sertanejo “Fuscão Preto”, em 1983, com Xuxa Meneghel.

O filme é baseado na letra da canção caipira homônima composta por Teddy Vieira (letra) e Luizinho (música), gravada em 1955, que conta a história do menino trepado na porteira de seu sítio que gritava “Toque berrante, seu moço!” sempre que o peão passava tocando a boiada.

A trama no filme apresenta o menino Rodrigo (João Pedro Carvalho), filho de um sitiante, que fica amigo do peão Diogo, este trazendo cabeças de boi para o fazendeiro Major Batista (José de Abreu, antes vivido por Jofre Soares). O Major tiraniza os outros sitiantes da região, entre eles o pai de Rodrigo, e cuida de uma filha adotiva, a mocinha da história, na pele da atriz Vanessa Giácomo (que aparecerá na novela global “Paraíso” junto ao cantor Daniel).

A dúvida é se “O Menino da Porteira”, o filme, terá tanto êxito quanto a obra de Breno Silveira. Talvez sim, se tivesse sido lançado durante a novela Global, mas talvez não se considerarmos os próprios méritos do filme e de Daniel – que não faz feio como ator, mas também não empolga no personagem Diogo, economicamente construído pelo roteiro esquemático de Moreira, Carlos Nascembini e Beto Morais.

O único momento mais interessante acontece quando o personagem de José de Abreu, acuado, vê sua própria imagem, como uma assombração que ele mesmo não compreende. Vale destaque para a fotografia do veterano Pedro Farkas que atende com qualidade a demanda estética que o filme pede.

“O Menino da Porteira” volta aos cinemas num momento infeliz para si mesmo, quando o brasileiro ainda lembra com frescor da novela “Pantanal” re-exibida até janeiro pelo SBT, mostrando a força da novela coordenada por Jaime Monjardin gravada em 1989 para a extinta TV Manchete, e com uma inspirada trama do craque no assunto, Benedito Ruy Barbosa, cuja força dramática era muito mais potente que a da bela música de Vieira e Luizinho.

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