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Lula e a bilheteria

Câmera clara 187

Por Luiz Joaquim | 11.01.2010 (segunda-feira)

A grande expectativa da semana passada estava em saber como foi o final de semana de estreia, em termos de aceitação de público, de “Lula: Filho do Brasil”, de Fábio Barreto. Os números foram desanimadores. 193,3 mil espectadores no primeiro final de semana (de 1 a 3 de janeiro) em todo Brasil, que viu o filme distribuído em 354 salas. Numa matemática rápida, considerando uma média de quatro sessões em cada um desses três dias, temos 45 espectadores por sessão. É muito pouco para um megalançamento de 16 milhões de Reais e tamanha expectativa marqueteira. Alguém pode dizer, a partir dos números, que Lula é bom de voto, mas não de espectadores de cinema. Errado. Muito do aparente fracasso aqui tem a ver com a estratégia de lançamento. Senão vejamos. Há, em Pernambuco, quem comemora o lançamento de “O Filho do Brasil”. Seu nome é Paulo Menelau, administrador dos cines Eldorado 1 e 2 (em Garanhuns) e Royal (em São Lourenço da Mata, do Grande Recife), onde a produção está sendo exibida. A partir dos dados de uma empresa que apura, dia a dia, a bilheteria em todas as salas de cinema do Brasil, Paulo percebeu que seus dois cinemas bateram até alguns multiplex em municípios com o mesmo perfil (e até mais populosos) dos que trabalha. Vamos aos dados, Em Garanhuns, 2.748 pessoas foram ao Eldorado conferir a dramatização sobre a vida de nosso Presidente. Isso foi bem mais que os 2.318 espectadores que o cinema do Shopping Benfica, na capital do Ceará, conseguiu. Já os 1.700 espectadores do Cine Royal bateram os 1.588 das salas Starplex, em Itabuna (Bahia), um município duas vezes maior que São Lourenço. Alguém pode considerar que Garanhuns é a terra de Lula, e daí o interesse natural da população em vê-lo na telona, mas Paulo Menelau faz outra análise: “‘O Filho do Brasil’ é um filme feito para o povão. Essa população está há 30 anos sem cinemas de rua, e aprendeu a ver filmes na TV, depois no videocassete, DVD e agora nos ‘piratas'”, pondera Paulo. E continua: “A garotada que lota os multiplex não está interessada nesse filme. Quem está são os mais velhos da classe C e D; e estes dificilmente vão pagar R$ 18,00, mais estacionamento, para ver o filme de Fábio Barreto. Já num cinema de rua, a preço acessível, a coisa muda e foi o que aconteceu no Royal e Eldorado. Em Garanhuns, eu tive algo raríssimo, um número maior de ingressos vendidos para ‘inteira’ que ‘meia'”. Certamente isso diz alguma coisa e Paulo Menelau é bem sensato em sua análise. Mais sucesso, então, a “Lula: Filho do Brasil”, nas salas Eldorado e Royal.

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CINE SÃO LUIZ
Eram 10h20 da sexta-feira, quando este colunista passou pela frente do Cine São Luiz, observou dois pontos curiosos. Um: o mostruário do cinema já estava decorado com cartazes de “Lula: O Filho do Brasil”. Dois: na porta lateral esquerda, vimos o ex-programador do Cineteatro do Parque, Geraldo Pinho (foto), conversando com um técnico do palácio da rua da Aurora. Podemos interpretar como uma boa nova?
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PELA CAHIERS
Quem adora listinhas de “melhores de qualquer coisa”, aqui vai a seleção da revista francesa Cahiers du Cinéma para os melhores filmes de 2009 e os melhores da década. 1. Les Herbes folles (na foto) , Alain Resnais. 2. Vincere , Marco Bellochio. 3. Inglourious Basterds , Quentin Tarantino. 4. Gran Torino , Clint Eastwood. 5. Singularités d’une jeune fille blonde , Manoel de Oliveira. Da década: 1. Mulholland Drive , David Lynch. 2. Elephant , Gus Van Sant. 3. Tropical Malady , Apichatpong Weerasethakul. 4. The Host , Bong Joon-ho. 5. A History of Violence , David Cronenberg.

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