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Entrevistas

Mês da Venezuela em Pernambuco

Perspetiva cinematográfica da Venezuela

Por Luiz Joaquim | 11.07.2011 (segunda-feira)

O evento “Mês da Venezuela em Pernambuco”, que o Consulado Geral da Venezuela promove no Estado desde 2 de julho (e seguindo até dia 29), vai bem além da exposição da clássica conexão política que liga os dois mártires históricos, o de lá – Simón Bolivar (1783-1830) -, e o de cá – Abreu e Lima (1794-1869). A celebração entra pelo campo da cultura e, a partir de hoje, com uma sessão sempre às 19h e entrada franca no Cine São Luiz, será possível usufruir um recorte do atual cinema venezuelano.

A “Semana do Cinema Venezuelano” faz uma amostragem por quatro filmes que dão uma dimensão temátia, estética e comercial da recente produção feita por lá. A programação inicia hoja já com um dos maiores êxitos internacionais daquele país na última década, É “Postais de Leningrado”, da diretora Mariana Rondón (veja entrevista abaixo), que veio ao Recife para acompanhar o evento.

“Postais…” foi exibido na França, Colombia, México, e no Brasil já tem uma estrada de vitórias, tendo sido premiado na Mostra Internacional de Cinema de SP, no Festival CineSul, do Rio de Janeiro, além de ter levado o título de melhor filme no 18º CineCeará: Festival Ibero Americano de Cinema (em 2008).

O filme é ambientado no conflito armado entre os guerrilheiros das Forças Armadas de Libertação Nacional (FALN) contra o exército venezuelano na década de 1960, mas pela perspectiva de duas crianças.

Uma delas, a ótima menina narradora da história, nasceu de uma guerrilheira em pleno dia das mães e por isso acabou virando notícia em todos os jornais. Por conta da exposição, seu pais são obrigados a fugir, o que faz a menina, ao conversar com seu primo, reinterpretar aquela realidade a seu modo. Dessa maneira, somos apresentados àquela momento da guerrilha e aos seus personagens por jogos, animações e aventuras de um super-herói invisível.

Amanha entra em cena a comédia romântica, “Eu Gosto”, de Ralph Kinnard, falando das transformações de uma chef de cozinha venezuelana que deseja ficar famosa em Londres, mas volta a seu País decepcinada. É quando ela topa com seu ídolo, um chef britânico e descobre que na verdade a celebridade é um arrogante irritante.

Quarta-feira, com “Quando a Bússula Marcou o Sul”, de Maria Laura Vasquez, será abordado as tentativas de colonização pelas quais passou a América do Sul pela análise de elementos que mostram o surgimento e consolidação de movimentos populares venezuelanos. Isso desde a conquista de Bolivar até a revolução.

A mostra encerra quinta-feira com o românce histórico “Venezzia”, de Halk Gazarian. Na ficção, baseada em fatos da Segunda Guerra Mundial, acompanhamos o operador de rádio do exército americano, Frank (Afonso Herrera), que vai a Venezuela em 1942 para monitorar possíveis ataques alemães à costa daquele país latinoamericano em busca de petróleo. Lá, Frank se apaixona por Venezzia, a esposa de uma capitão venezuelano reprimida pela marido. Após a mostra, “Venezzia” entra em cartaz no Cine São Luiz já nessa sexta-feira.

Entrevista / Mariana Rondón
Diretora Mariana Rondón acompanha a mostra no Recife

Como foi a receptividade de “Postais de Leningrado” na Venezuela? O filme entrou no circuito de salas de cinema comercial? Quantos pessoas viram o filme nos cinemas da Venezuela?
“Postais…” esteve 11 semanas em cartaz, estamos preparando uma nova edição em vídeo, já que a primeira se esgotou muito rapidamente. Graças a transmissão em vários canais a cablo e também abertos, o filme foi visto muitas vezes pela televisão.

Quanto tempo durou a produção de “Postais de Leningrado”?
Durou três anos porque trabalhamos na pós-produção com ferramentas tecnológicas muito complexas que nos tomou muito tempo. Foram feitas intervenções nas imagens, graficamente, e isso requereu um trabalho bastante meticuloso.

O que mais atraiu você quando decidiu contar uma história sobre a guerrilha da Venezuela nos anos 1960?
“Postais…” é um pouco a história de minha família, de meus pais e (la mia). É um filme sobre o medo e como pode ser ele pode ser utilizado para maltratar e amedrontar. No caso das crianças, elas só tem o jogo da imaginação para se defender. Assim, mais que um filme sobre política é sobre a imaginação em oposição a qualquer oponente armado.

O novo filme que você produziu, “El Chico que Miente”, foi selecionado para a mostra ‘Generation’ em Berlim 2011. Assim como em “Postais…”, “El Chico…” acompanha a perspectiva de uma criança. O universo infantil, particularmente, te interessa?
Sim, definitivamente me interessa o universo das crianças, ou melhor, da perspectiva das crianças sobre o mundo dos adultos. É um olhar que descobre pela primeira vez as coisas e é capaz de recuperar emoções que os adultos dão por perdidas. Trabalhar o mundo dos meninos e, acima de tudo, acompanhar um olhar sem preconceitos.

A projeção internacional de POSTAIS DE LENINGRADO ajudou sua carreira no exterior?
Fazia muitos anos que um filme venezuelano não estreava em salas de países como a França, México, Colombia, etc e isso foi muito importante para “Postais…”. Agora, com “El Chico que Miente” foi iniciada uma distribuição internacional muito importante, além da distribuição para festivais, que são muito importante. Estamos negociando a possibilidade de estrear em vários países. Se falarmos do Brasil, “Postais…” teve muita sorte de ganhar prêmios na Mostra de São Paulo como ‘reveleção’ e ‘juventude’. Melhor película no festival do Ceará e melhor película no festival do Cinesul, no Rio de Janeiro. É maravilhoso poder mostrar agora no Recife.

Que filme brasileiro recente você viu e gostou?
È tão difícil ver filmes dos países ao lado do nosso, só podemos ver graças aos festivais. Há pouco pude ver o filme de Karin Ainouz, “Abismo Prateado”. Gostei muito, sempre gosto de seu cinema.

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