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Críticas

O Exorcista: O Início

O passado do padre Merrin

Por Luiz Joaquim | 31.08.2018 (sexta-feira)

-publicado originalmente em 29 de Outubro de 2004 no jornal Folha de Pernambuco

Há 29 anos, uma obra de arte foi concebida pelo cinema norte-americano. Era O Exorcista (The Exorcist), filme de William Friedkin que conseguiu transcender seu tempo e, ainda hoje, faz uma pessoa parar e pensar duas vezes antes de alugá-lo numa locadora. Uma nova situação envolvendo exorcismo chega às telas hoje pelas mãos do diretor Renny Harlen (de Risco Total). Trata-se de O Exorcista: O Início, filme que remete ao passado do padre Merrin, interpretado na obra original por Max Von Sydow e aqui por Stellan Skarsgärd (de Rei Arthur).

É preciso destacar que quando O Exorcista chegou aos cinemas em 1973, os efeitos especiais e de som que aterrorizaram o mundo eram inéditos. Não só por isso, o filme foi imitado por várias vezes, tendo, inclusive, uma continuação quatro anos depois (O Exorcita II: O Herege, de John Boorman) e uma outra seqüência (O Exorcista III) em 1990, dirigida por William Peter Blatty, que roteirizou o primeiro filme.

Nenhuma das continuações casou estupor ou controvérsias quanto o filme de Friedkin. Pelo contrário, a seqüência de Boorman (que também traz Linda Blair, a garotinha do original) virou piada e é considerada como o pior filme de sua carreira. Seu crime foi pautar a ação e a trilha sonora de O Herege pelos padrões da época. Da era Disco. A obra ficou datada, e é assim que deverá aparentar, em apenas poucos anos, este novo filme da franquia.

Isso porque o diretor Harlen, primeiro, utiliza uma montagem típica dos anos 2000, com uma quantidade alucinada de cortes, tão rápidos que não permitem o público se familiarizar com a imagem (e daí ter medo). Segundo que Harlen dá ênfase, via recurso de câmera lenta, a um repousar de uma lamparina no chão, ou ao ato de pisar na areia espirrando poeira para os lados, como se isso fosse vital a história. E terceiro que Harlen se apropria de efeitos digitais (para dar vida ás hienas assassinas, por exemplo) que são inconsistentes e hoje já estão ultrapassados.

Pelo recurso de sopapos de som ensurdecedor, O Inicio tenta emplacar sustos milimetricamente planejados. Essa velha estratégia funciona mais como um brinquedo que se dá corda e fica-se esperando pelo susto com seu tilintar, do que como uma obra que alimenta o medo no subconsciente do espectador.

De qualquer forma, o prévio conhecimento que o Coisa-ruim é uma presença constante no filme, e que há um vínculo nessa história com o clássico original, faz de O Início um trabalho curioso.

O vínculo é exatamente o padre Merrin, que aqui se encontram no Cairo, no ano de 1949, quando é convocado para investigar as ruínas recém-descobertas de uma igreja católica numa escavação arqueológica, no Quênia. Merrin, que havia perdido a fé mediante as desgraças do holocausto, vai passar por uma prova de fogo quando descobre que aquela construção é, na verdade, o templo de Lucifer, ou seja ali está enterrado o berço, a origem do mal.

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