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Críticas

A Era do Gelo 2

Scrat tem mais espaço para expandir seu brilho

Por Luiz Joaquim | 30.03.2006 (quinta-feira)

A estrela que mais brilha em “A Era do Gelo 2” (Ice
Age: The Meltdown, EUA, 2006) chama-se Scrat. Ele é o
esquilinho pré-histórico criado pelo carioca Carlos
Saldanha, diretor desta seqüência entrando em cartaz
hoje em nove salas do Recife. Scrat nasceu em 2002 no
curta-metragem “Gone Nutty”. O bichinho azarado era
tão simpático que o curta chegou a ser indicado ao
Oscar em 2004, levando o nome de Saldanha, que
trabalha na Blue Sky Studios desde 1993, ao primeiro
time de animadores em Hollywood.

Mesmo em 2003, o primeiro “A Era do Gelo” (2002) já
concorrera ao Oscar na inaugural categoria de
longa-metragem de animação. O filme custou US$ 60
milhões e rendeu quase o triplo. A seqüência era
inevitável. Acontece que, sob a batuta solitária de
Saldanha (o primeiro foi co-dirigido por Chris
Wedger), esta continuação cedeu mais espaço para
Scrat; o que foi uma decisão acertada.

No primeiro longa, Scrat aparecia esporádica e
timidamente entremeando a trama do mamute Manny (no
Brasil, voz de Diogo Vilela), a preguiça Sid (Tadeu
Melo), e o tigre dentes-de-sabre Diego (Márcio
Garcia), quando buscam a família de um criança
perdida. No novo filme, o mesmo grupo está reunido
para salvar a própria pele. É o fim da Era Glacial e
há um processo muito rápido de degelo das camadas
polares. Como todos se encontram num vale cercado por
montanhas de gelo, a ação gira em torno da busca por
um abrigo contra a premente inundação.

Ao mesmo tempo, acompanhamos o drama de Manny, que
sofre quando todos tiram um sarro com ele, acusando-o
de o último mamute vivo. É quando entra em cena a
mamute fêmea Ellie (Cláudia Jimenez) e seu “irmãos”
gambás, dando um tom romântico a história.

VIOLÊNCIA
Scrat também surge em partes pequenas de “A Era do
Gelo 2”, mas agora de forma mais interativa no enredo
principal. De qualquer forma, as situações azaradas
pelas quais Scrat sofre ainda funcionam muito bem de
maneira independente. Esse equilíbrio faz desta
seqüência um produto mais maduro que o original. Ponto
para Saldanha, que fez crescer sua cria e torná-la
simpática de forma quase unânime, e isso não é um
exagero.

Saldanha não “inventou a roda” quando criou Scrat.
Apenas fez renascer uma personalidade escanteado pelos
animadores. Scrat, e sua eterna e infrutífera busca
pela idílica noz, é um descendente direto do Coiote,
criado em 1949 por Chuck Jones.

Ao contrário da maioria das animações de hoje,
amparadas em alguém sendo violento com alguém, Scrat
só sofre pela própria ingenuidade e desejo avassalador
em pegar sua noz. É um personagem comum, ordinário,
como a maioria de todos nós, em busca da felicidade
simples. Assim como torcemos pelo Coiote correndo pela
razão de sua existência, pegar o Papa-léguas, torcemos
pela vitória do azarado Scrat, se esbaforindo a vida
inteira atrás de um noz inanimada.

Uma prova que Scrat é a estrela de “A Era do Gelo 2”
(e do 1 também) pode ser vista no rosto dos
espectadores. Sempre que o esquilo aparece,
desengonçado e com seus olhos esbugalhados, um
sorriso já se forma no público. É a certeza que o
graça do absurdo está para acontecer, e com alguém
parecido com a gente em sua busca pela felicidade
impossível.

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