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Festivais

Viennale (2019) – apresentação

Marcelo Ikeda acompanhou o tradicional festival da Áustria e compartilha sua cobertura no CinemaEscrito.

Por Marcelo Ikeda | 13.11.2019 (quarta-feira)

Encerrado na quarta-feira passada (6), o Festival Internacional de Cinema de Viena – a Viennale – já é estabelecido há quase seis décadas como um dos grandes e respeitado evento de cinema na Europa. Em sua edição 2019, apenas um especialista brasileiro acompanhou o festival: Marcelo Ikeda. O crítico, realizador e pesquisador gentilmente disponibilizou sua cobertura para ser publicada no CinemaEscrito. Ao longo dos próximos dias, nosso leitor poderá entender a lógica curatorial da Viennale, conhecer em detalhes a personalidade das seis salas de cinema que compõem o circuito dessa festa cinematográfica e, claro, conhecer alguns títulos que chamaram a atenção nesta edição. Acompanhe. [o editor]

Marcelo Ikeda

O Festival Internacional de Cinema de Viena – a Viennale – é um dos mais respeitados festivais de cinema da Europa. Consolidado no circuito dos festivais – sua primeira edição data de 1960 – trata-se de um festival panorâmico, que oferece ao público cinéfilo austríaco a possibilidade de manter contato com as principais obras cinematográficas do corrente ano.

Não é um festival competitivo, em que os realizadores apresentam pela primeira vez suas obras ao público. Se compararmos com o Brasil, estaria mais próximo de eventos como o Festival do Rio ou a Mostra de São Paulo do que do Festival de Brasília ou Gramado. Esse espírito democrático, que permite um clima mais informal (sem “tapetes vermelhos” ou extensiva ocupação midiática), torna o festival uma experiência afetiva, aproximando os realizadores e o público, como vemos nos Q&A (pequenos debates após a sessão, em que os realizadores respondem a perguntas do público sobre o filme).

Ao mesmo tempo, trata-se de um festival grande, com notável estrutura de produção. Nesta edição, foram exibidos cerca de 300 filmes, durante duas semanas [entre 24 de outubro e 6 de novembro], divididos em seis salas de cinema, com a presença de diversos convidados internacionais, que, assim como o escritório de produção, ficam hospedados no luxuoso Hotel Inter Continnental, situado ao lado do Stadpark.

foto: Marcelo Ikeda

A Viennale possui um perfil curatorial bastante interessante. Ao mesmo tempo em que o público tem acesso aos principais nomes do cinema de autor consolidados nos principais festivais de cinema europeus, há também espaço – já que a programação é extensa – para filmes mais arriscados e obras de diretores em seus primeiros filmes, exibidos em festivais como Rotterdam ou Locarno.

É uma ótima oportunidade para ter contato com filmes – muitos deles com a presença dos realizadores – que provavelmente não terão uma estrutura mais sólida para seu posterior lançamento comercial no mercado de salas de cinema mas que primam pela pesquisa de linguagem. Entre os inúmeros exemplos, poderia citar os de Cemitério (Carlos Casas), Oroslan (Matjaz Ivansin), A ilha dos pássaros (Maya Kosa e Sergio da Costa), Zumiriki (Oskar Alegria), Love me not (Luis Miñarro), entre tantos outros.

A Viennale consolidou seu perfil curatorial (como evento não competitivo, sem tapete vermelho, com uma curadoria mais arriscada) com a importante participação de seu diretor artístico Hans Hurch, que faleceu em 2017. Em 2018, Eva Sangiorgi, que dirigia o FICUNAM, no México, passou a assumir a direção artística do festival, consolidando o perfil aberto por Hurch mas ao mesmo tempo aprofundando a presença de filmes mais arriscados em sua programação. Entre a equipe de curadores sob o comando de Eva, está o brasileiro Gustavo Beck.

foto: Marcelo Ikeda

No texto de amanhã (14), Ikeda comenta sobre as salas que formam o circuito da Viennale.

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