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Críticas

Se Eu Fosse Você

Piada velha com bronzeado brasileiro

Por Luiz Joaquim | 23.12.2005 (sexta-feira)

A Globo Filmes despeja hoje nos cinemas seu novo
telefilme. “Se Eu Fosse Você” (Brasil, 2005), de
Daniel Filho, que resgata uma piada velha e passa uma
demão de tinta verde e amarela por cima. Há 14 anos, o
diretor norte-americano Blake Edwards se perguntava
que tipos de gargalhadas provocaria na platéia se a
atriz Ellen Barkin aparecesse na tela com seu corpo
voluptuoso mas agisse com trejeitos de um homem. O
resultado foi “Switch: Trocaram meu Sexo”. Este é o
pai do novo filme de Daniel Filho. O avô chama-se “Um
Espírito Baixou em Mim” (1984), filme de Carl Reiner,
no qual Steve Martin faz um advogado que precisa
dividir seu corpo com o espírito de uma milionária a
beira da morte.

Os atores brasileiro que passam agora pela experiência
de interpretar os desabores de ocupar um corpo que não
é o seu são Tony Ramos e Glória Pires. Casados, seus
personagens passam por uma crise conjugal
aparentemente provocada pela crise financeira do bem
sucedido publicitário Cláudio (Ramos) e pela vida
supostamente fútil de Helena (Pires).

A partir de uma explicação astrológica quase infantil
logo na abertura do filme, vamos saber que o casal
protagonista vai passar por uma experiência muito rara
e sofrer na pele as desvantagens físicas de seu
companheiro. A palavra chave aqui para vender o filme
e ‘tolerância’. Situações envolvendo menstruação ou
pêlos em excesso nos homens redem piadas cansadas que,
é verdade, ganham uma cor mais assimilável pelos
brasileiros graças aos esforços de Ramos e Pires, ora
caricatos, ora inspirados.

Tavez se apostasse nos detalhes e não no óbvio, o
roteiro de Daniel Filho (em co-autoria com Adriana
Falcão) pudesse provocar mais empatia com o público.
Cenas como a que Cláudio enrola a toalha “escondendo o
busto” ao sair da piscina é mais comicamente eficiente
que a tentativa de criar um diálogo elaborado quando
Cláudio explica a Helena como usar um absorvente
interno.

Complementando o elenco de apoio estão a sogra chata
de Cláudio (Glória Menezes), a empregada nordestina
com sotaque ‘padrão Rede Globo’ do Nordeste (Maria
Gladys), a secretraria gostosona de Cláudio (Danielle
Winits), e o publicitário cafajeste e sócio de Cláudio
(Thiago Lacerda). Ou seja, esteriótipos pipocam dando
ao público uma versão pobre e rasa para personagens
que poderiam contribuir para dourar o problema
engraçado pelo qual vive Cláudio e Helena. Há ainda
uma médica homossexual, vivida por Patrícia Pilar, a
única que sai ilesa aqui.

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