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Festivais

17º Cine Ceará, 2007, (4)

Curta cearense Câmera Viajante destaca-se em sua categoria

Por Luiz Joaquim | 16.06.2007 (sábado)

FORTALEZA (CE) – Terça-feira, quarta noite de mostra competitiva no 17º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano, e os curtas-metragens mostraram-se mais fortes que o longa-metragem principal da noite, ‘Mariposa Negra’ (Peru, 2006), de Francisco Lombardi, precedendo a sessão especial de ‘Cine Tapuia’, de Rosemberg Cariry, que fechou a noite com a história de um cantador cego e exibidor mambembe a percorrer o Nordeste com uma cantora chamada Iracema.

O primeiro curta, ‘Calango’, mostrou como um roteiro simples com um trabalho de animação 3D minimamente aceitável pode transformar-se numa obra agradável de ver. Feito pela Alê Camargo, da OZI Escola de Audiovisual de Brasília, mostra, ao som de ‘Brasileirinho’, a perseguição na praia de um calango atrás de seu almoço, um grilo mais esperto do que ele. No mesmo espírito da correria do esquilo de ‘A Era do Gelo’ pela sua noz, no qual a caça sempre se dá melhor que o caçador, ‘Calango’ agradou no Cine Ceará exatamente pela sua despretensão.

Após a projeção de ‘Dia de Folga’, trabalho de André Carvalheira, o curta ‘Câmara Viajante’, do cearense Joel Pimentel, revelou-se um dos mais inspirados, delicados e caprichado esteticamente dos exibidos por aqui até agora, ao tratar dos fotógrafos populares que atuam em festas e romarias nas cidades de Canindé e Juazeiro do Norte, ao pé do monumento do Pe. Cícero.

Quanto a ‘Mariposa Negra’, havia uma expectativa quanto a este novo trabalho de Lombardi, uma vez que o mesmo ganhou certo reconhecimento há alguns anos no mercado brasileiro com seu divertido ‘Pantaleão e As Visitadoras’, tendo levado inclusive Kikitos em Gramado.

Uma combinação de situações em ‘Mariposa…’ remete a ‘A Noiva Estava de Preto’, de François Truffaut, uma vez que temos no peruano a professorinha Gabriela (Melania Urbina) transformando-se numa máquina de vingança quando decide que a morte do noivo assassinado – um juiz honesto entre um mar de outros corruptos – não pode ser abafada por um escândalo sexual forjado.

A semelhança com o filme francês pára aí, pois ‘Mariposa…’ carrega consigo uma carga de dramaturgia que acena para o excesso, para o melodramático, aliviado pelos esforços das atrizes Urbina e Ugaz, esta última como uma repórter de um jornal sensacionalista. Apesar do tom politicamente denunciador para um Peru corrupto, ‘Mariposa…’ se perde na obsessão vingativa, mas esquálida na consistência, da professorinha.

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