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Oscar Niemeyer – A Vida É Um Sopro

Um arquiteto brasileiro

Por Luiz Joaquim | 15.12.2007 (sábado)

Para muitos, Oscar Niemeyer é apenas (apenas?) o arquiteto de Brasília. Sabendo de seu talento e que hoje completa 100 anos de vida, pode-se deduzir que Brasília não foi seu começo nem seu fim, mas a coroação de um trabalho autêntico e audacioso ao longo da carreira que não encerrou ali, na concepção da Capital Federal. Em “Oscar Niemeyer – A Vida É Um Sopro” (Brasil, 2007), filme já disponível em DVD nas locadoras, o diretor Fabiano Maciel desenha uma bela cinebiografia desta lenda viva na arquitetura mundial.

Condensar em 90 minutos os 100 anos de uma personalidade revolucionária, não só no aspecto profissional como também social não é tarefa fácil. A constatação só engrandece no que resulta “A Vida É Um Sopro”. A frase que dá título ao documentário é dita pelo ateu e autodeclarado pessimista Niemeyer por três vezes durante o filme.

Maciel não deixa, entretanto, que a opção pela não-crença numa religião ou a postura pessimista de seu personagem em nada implique contra sua genialidade. São só informações que ajudam a melhor desenhar o perfil deste homem que revolucionou a arquitetura moderna com a sua fascinação pela linha curva e pelo respeito à natureza.

Com um excelente material iconográfico e cinematográfico de arquivo, Maciel resgata o princípio da carreira do jovem arquiteto, da influência determinante que recebeu do francês Le Corbusier e de como superou este seu mestre ao criar o prédio das Nações Unidas no EUA. Maciel ressalta ainda a visibilidade do trabalho feito por Niemeyer em Pampulha (MG), abrindo as portas para ser convidado a assumir Brasília.

Amparado por depoimentos de gente como o historiador Eric Hobsbawn, o poeta Ferreira Gullar, o compositor Chico Buarque e os escritores José Saramago e Eduardo Galeano, entre outros, “A Vida é Um Sopro” tomou 10 anos na vida dos realizadores. O produtor Sacha idealizou o trabalho em 1997, ao dirigir a programação da TVE Brasil e pedir a Maciel que ficasse a frente da semana comemorativa dos 90 anos de Niemeyer. O filme foi rodado em digital e em 16mm, tendo a produção circulado pela Argélia, França, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e Uruguai. Por que? Para situar o espectador diante da importância de Niemeyer para o mundo com a obra que por ali deixou.

“A Vida É Um Sopro” corre leve, elegante e respeitoso, como um decente trabalho de arquitetura deve ser. De quebra, conhecemos também o homem Niemeyer. Sua descontração aparece mesmo na decoração de sua casa. Enquanto fala para a câmera, com bom humor e um cigarro na mão, o enquadramento revela ao fundo uma foto exibindo seios, bundas e púbis femininas. Só corrobora para a questão final colocada pelo entrevistador ao arquiteto. “O que lhe emociona hoje?”. Niemeyer, que aos 99 anos casou-se pela segunda vez, responde: “o importante mesmo é mulher, né? O resto é brincadeira”.

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