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Críticas

Eu Sou a Lenda

E se Will Smith fosse o último homem na terra?

Por Luiz Joaquim | 18.01.2008 (sexta-feira)

O silêncio cortante e o cenário amarelado de devastação completa que acompanham Will Smith em “Eu sou a lenda” (I Am Legend, EUA, 2007), filme de Francis Lawrence, tornam irreconhecível a cidade mais elétrica e fosforescente do mundo. É em uma ex-Nova Iorque de carros abandonados e luzes apagadas que mora Robert Neville (Smith), tido como o único sobrevivente de uma praga que dizimou toda a espécie humana. Imune e sozinho, Neville ocupa seu tempo cuidando da cadelinha Sam e tentando descobrir a cura para o vírus, ainda presente no corpo de monstruosas criaturas escondidas em porões nova-iorquinos. A julgar pelas modernas gravações em áudio e vídeo dos experimentos feitos por Neville, a primeira impressão que se tem é que o mundo pode até acabar, mas os iMacs não.

O ar triste e sorumbático de Neville envolve e enternece a quem assiste – e, por vezes, nos faz esquecer que estamos no meio de uma ficção científica das mais genuínas. Desperta-se desse universo de vazio e solidão com flashs de memória do personagem, lembrando da noite em que tudo acabou – a ilha de Manhattan, a ponte do Brooklin, o helicóptero que levava sua mulher e filha. É o que nos leva de volta ao que há de mais hollywoodiano em termos de efeitos especiais – além das cenas de ataque das famintas criaturas infectadas e monstruosas. De resto, o drama científico corre em um ritmo mais lento que o convencional – até ir parando aos poucos, com a chegada da brasileira Alice Braga no papel de Anna, mais uma sobrevivente totalmente saudável que Neville nem imaginava existir no mundo. Anna chega para – sem apelar para o romantismo fácil e carnal – degelar o amargurado coração de Neville e relembrá-lo de que é digno lutar por um motivo maior que sua própria vida.

Ver uma brasileira fazendo bem um papel relevante dentro de uma superprodução americana é sempre motivo de orgulho. Se as tímidas aparições relâmpago de Rodrigo Santoro fazendo papel de homem bonito em “As Panteras” ou “Simplesmente Amor” já eram tratadas como uma glória, há de se aplaudir a interpretação mais do que satisfatória de Alice Braga (também em cartaz em “Via Láctea”, no Rosa e Silva), seu inglês fluente e sem sotaque e seu destaque dentro da trama. Santoro possivelmente ficou com uma pontinha de vontade de ter tido uma estréia tão positiva quanto a da colega. A película é a terceira adaptação para as telas do livro homônimo de Richard Matheson – a primeira é de 1964 (“Mortos que matam”) e a segunda, de 1971 (“A última esperança da Terra”), com Charlton Heston no papel que é hoje de Smith.

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