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Críticas

O Corajoso Ratinho Despereaux

Três nobres em busca do perdão

Por Luiz Joaquim | 16.01.2008 (quarta-feira)

Crianças são naturalmente mais curiosas que adultos. Por essa lógica, a animação “O Corajoso Ratinho Despereaux” (The Tale Despereaux, EUA, 2008) pode funcionar bem na cabecinha dos pequenos espectadores, uma vez que seu protagonista desafia involuntariamente a todos por ser diferente. Baseado no livro homônimo de Kate DiCamillo, a fábula do camundongo que não tinha medo coloca na roda de discussão valores nobres como honestidade, honra, bravura e principalmente compaixão.

Não é por pouco que a estrutura da história se sustenta nas figuras referencias do cavaleiro e da princesa. No caso dos cavaleiros, temos a figura de dois roedores. O camundongo fofinho Despereaux (voz de Matthew Broderick) e o rato feioso, mas bondoso, Roscuro (voz de Dustin Hoffman). Para a princesa, além da original do reino onde tudo transcorre, temos Migalha (esse é o nome dela, voz de Tracey Ullman), uma servente gordinha que sempre sonhou em ser uma princesa de verdade.

Exceto pela figura de Despereaux, que já nasce bonitinho, com orelhas e olhos imensos, e com coragem – sendo isso algo negativo em sua comunidade de camundongos – “Camundongos devem ter medo. Há tantas coisas para ser ter medo na vida! Aprenda isso”, diz sua professora na escola -, os outros dois heróis do filme são na realidade anti-heróis.

Roscuro, além de indesejado pela sua natureza de ratazana, causa um acidente fatal e sofre com essa culpa, sem conseguir se redimir. Migalha, gordinha que alimenta porcos e limpa o chão do castelo, foi enjeitada logo quando nasceu. Pobre e sem educação, alimenta solitário o sonho de um dia ser princesa.

Considerando que nem todas as crianças são fantásticas e lindas como Despereaux, e sabendo existir um bom número de garotos que se sentem excluídos, assim como Roscuro, ou meninas inocentes e carentes, como Migalha, temos aqui neste trio “exemplos” de superação e aprendizagem bastante construtivos.

A coisa fica melhor quando na narração original (de Sigourney Weaver) é amarrada uma série de informações que as três “crianças” do filme sofrem. Sofrem pela necessidade de redenção, ou por ter passado muito tempo da vida em sacrifício. No final, “O Corajoso Ratinho Despereaux” quer é mesmo ensinar para as crianças da platéia uma expressão pouco usada pelos adultos: “por favor, me perdoe”.

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