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Críticas

O Garoto Cósmico

Pela irreverência e liberdade das crianças

Por Luiz Joaquim | 11.01.2008 (sexta-feira)

O cineasta Alê Abreu adentra no universo dos longas-metragens com galhardia e responsabilidade ao lançar hoje nos cinemas ôO Garoto Cósmicoö (Brasil, 2008). É uma animação em 2D (e 3D em alguns trechos) que cujo foco temático ilumina o humano, a criança perdida no nosso mundo contemporâneo. É verdade que Abreu e os co-roteiristas Sabina Anzuategui, Daniel Chaia e o musicista Gustavo Kurlat (que assina a trilha-sonora) exageraram ao montar o cotidiano de Cósmico (voz de Aleph Naldi), Maninho (Mateus Duarte) e Luna (Bianca Rayen), as três crianças protagonistas que vivem num mundo futurista onde suas vidas são totalmente programadas.

Olhando mais um vez, as situações vividas pelo trio no planeta das crianças não é tão distante das que vivem as nossas crianças de hoje. Eles têm hora para acordar, para estudar, para fazer esporte, para a aula de idioma e a hora de brincar é reservada para os computadores e videogames.

Forçando um desvio em suas vidas, Alê leva os pequenos para um planeta onde lá descobrem a simplicidade do circo sob o comando de Giramundos (Raul Cortez). Em contato com o palhaço Já-Já (Wellington Nogueira do “Doutores do Alegria”), com o mágico Záz (o cantor Belchior) e a Bailarina (Vanessa da Mata), as crianças redescobrem a irreverência e a liberdade de brincar sem compromisso com pontuações ou destruição.

No planeta do circo o cenário é ultracolorido, e as formas disformes e os sons estranhos. É uma parábola para o mundo que as crianças naturalmente devem descobrir e experimentar. É como um quintal, onde as crianças, no passado, interagiam com a natureza e com elas mesmas.

“Garoto Cósmico” traz um impressionante acabamento técnico, com destaque para a edição de som e a trilha sonora caprichada – que inclui Arnaldo Antunes – servindo como um ótimo trabalho pedagógico, sem soar pedagógico. No Brasil, não há classificação para um filme como esse, objetivamente direcionado às crianças entre cinco e onze anos. Ano passado o macaquinho norte-americano “George, O Curioso” aportou no Brasil, mas a brasilidade de “O Garoto Cósmico” é muito mais competente e envolvente.

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