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Reportagens

Lampião e o cinema

Há 70 anos morria Lampião, e o cinema gostou

Por Luiz Joaquim | 28.07.2008 (segunda-feira)

Há exatos 70 anos morria na Fazenda Angico, Sérgio, o maior mito criado pelo cangaço nordestino, e como qualquer mito, Virgulino Ferreira, o Lampião, estimulou artistas de todas as expressões a colocaram sob sua ótima a representação desse fenômeno do banditismo nordestino. No cinema, foi mesmo em Pernambuco que o tema ‘cangaço’ deu partida no Brasil. Ainda no Ciclo do Recife (entre 1923-1931), Tancredo Seabra dirigiu “Filho sem Mãe” (1925), tendo cangaceiros como personagens.

Dois anos depois, o curta “Lampião, O Banditismo no Nordeste”, de autoria desconhecida, levava pela primeira vez ao cinema a imagem de Lampião e seu bando. Encerrando o período mudo de nosso cinema, veio “Lampião, o Terror do Nordeste” (1930), de José Nelli. A fita, baiana, misturava imagens documentais e ficcionais.

Já no Ceará, Adhemar Bezerra, tido como o iniciador do cinema cearense, viabilizou que o mascate Benjamin Abrahão filmasse o grupo do afamado cangaceiro. Abrahão realizou então “Lampeão” (com ‘e’ mesmo), de 1936 (também chamado “Lampião, O Rei do Cangaço”). Foi, à propósito, a partir dessas imagens que Paulo Caldas e Lírio Ferreira “ressuscitaram” a feitura de longas-metragens em Pernambuco com “O Baile Perfumado” (1996), cujo o foco, por uma perspectiva pop, era o libânes cinematografista e não Lampião.

Antes de chegar aos anos 1990, Lampião e o cangaço foram largamente explorado pelo cinema. Foi com “O Cangaceiro” (1953), feito por Lima Barreto com a estrutura industrial dos estúdios paulista da Vera Cruz, que o Brasil chegou a Cannes pela primeira vez, e ainda levou o prêmio de melhor filme de ação.

O êxito, também de público, estimulou produtores brasileiros a realizar dezenas de títulos a partir do tema – houve inclusive uma refilmagem desastrosa em 1997 de Anibal Massaíne Neto. Glauber Rocha talvez seja o mais celebrado cineasta do mundo a partir de uma obra aproveitando a mitologia do cangaço. Ele criou, inclusive, um mito particular: o Antônio das Mortes de “Deus e O Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969).

Nem mesmo a pornochanchada escapou do “encanto” dos bandidos nordestinos, gerando pérolas como “As Cangaceiras Eróticas” (1976), de Roberto Mauro que ainda fez no mesmo ano “A Ilha das Cangaceiras Virgens”. Crianças também tiveram contato com o assunto com o longa dirigido por Daniel Filho, “O Cangaceiro Trapalhão” (1983) para Didi Mocó e sua trupe.

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