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Críticas

Queime Depois de Ler

A inteligência é relativa

Por Luiz Joaquim | 28.11.2008 (sexta-feira)

São poucos os autores cinematográficos nos EUA que têm a força hoje de unir gente como Brad Pitt, George Clooney, John Malkovich, Tilda Swinton e Frances McDormand para fazer uma comédia. Comédia, vírgula, porque a grandeza de “Queime Depois de Ler”, (Brun After Reading, EUA, 2008), de Joe e Ethan Coen, está exatamente na melancolia de nos fazer rir de nossas próprias desgraças. Isso numa história, à princípio, desimportante mas que revela nos detalhes o que nós, adultos, nos tornamos no mundo de hoje.

Apesar de na trama termos um ex-agente da CIA (Malkovich), e a Companhia de Inteligência Americna estar indiretamente envolvida com os acontecimentos, é para a dependência alcoólica do ex-agente que o filme se debruça; é com a possessiva esposa desse agente (Swinton), que planeja deixá-lo pelo detetive adúltero Harry (Clooney), que a trama presta atenção. E é principalmente com Linda (McDormand), uma funcionária quarentona de uma academia de ginástica, que o roteiro gira ao redor.

Linda divide sua vida triste em marcar encontro às escuras com homens pela internet, buscando um companheiro sério, ao mesmo tempo em que está consumida pela idéia de fazer cinco intervenções cirúrgicas de estética – “vou me reinventar”, diz ela numa determinação assustadora. Nessa jornada de extrema carência e vaidade cega, Linda conta com o colega Chad (Pitt, ótimo), esperto e sagaz como só um viciado em Gatorade, chiclete e i-Pod pode ser.

“Queime Depois de Ler” pode ser resumido como um retrato de um geração perdida em suas crenças (ou falta delas), e o mais grave, sem fazer nenhum auto-questionamente sobre isso. Na realidade, a beleza nessa nova jóia dos Coen é fazer a nós, espectadores, pensar sobre isso. E rindo.

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