Será sempre difícil desassociar a imagem cinematográfica de Jacques Closeau do ator Peter Sellers (1925-1980). É mais ou menos o que acontece quando se pensa em 007 (e vem à mente Sean Connery) ou quando se pensa em Superman (e lembramos de Christopher Reeve). Quando Steve Martin resolveu ressuscitar o atrapalhado inspetor francês em um novo filme há três anos, a impressão já não foi convincente nem atraente. Mesmo assim, hoje chega uma sequência – também insossa – “A Pantera Cor-de-Rosa 2” (The Pink Panther 2, EUA 2009), nas telas dos cinemas.

Talvez o único momento realmente divertido no novo “Pantera” aconteça quando Closeau, com sua habitual perícia, investiga o Papa no Vaticano. O Santo Padre fora mais uma vítica do misterioso bandido conhecido como El Tornado que vinha roubando peças raras em museus como a Carta Magma, uma adaga do Japão imperial e o Santo Sudário. Do Papa foi roubado seu anel.

Num interrogatório com a maior autoridade da Igreja Católica, Closeau deduz: “hum, vejo que o senhor é uma pessoa muita espiritualizada”. Enquanto tenta reconstituir o assalto, veste as roupas do Papa e vai a sacada do Vaticano, para o delírio de centena de fieis lá no pátio, que o confundem com o próprio Santíssimo.

Não é uma questão de piadas melhores ou piores entre os antigos filmes da série e essa nova leva norte-americana. Trata-se de carisma. Trata-se de genialidade entre atores na capacidade de sugerir cinismo, inocência e subversão no humor atrapalhado que forma o corpo de Closeau.

Martin sabe se fazer passar por ridículo (para fazer rir), mas não segura a atmosfera que deve envolver a mise-en-scène. Ele não deve levar o crédito negativo sozinho. Nas versões originais da “Pantera”, tínhamos outro gênio do humor (e em aplicar seu timing preciso) atrás das câmeras: Blake Edwards. No novo filme temos um tal de Harald Zwart. A princípio uma sujeito que vem sendo procurado para refilmagens, uma vez que seu novo projeto é a nova versão de “Karate Kid” (com Jaden Smith no papel que foi de Ralph Macchio).

Em “Pantera 2”, Martin conta também com a presença de um bom, mas apagado e mal aproveitado, elenco de apoio. São eles John Cleese (no personagem de Kevin Kline no filme de 2006), Jean Reno (como o ajudante de Closeau), Emilie Mortimer (de “Match Point”, como a parceira do detetive), além de Alfred Molina e Andy Garcia que formam o “Dream Team” de detetives para encontrar El Tornado. Há ainda a boa presença de Aishwarya Rai, linda estrela vinda da Bollywood indiana. Uma espécie de Juliana Paes mais bonita. Belos olhos azuis.