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Críticas

A Era do Gelo 3

As agruras e os prazeres da família

Por Luiz Joaquim | 01.07.2009 (quarta-feira)

“Família” é a palavra de ordem em “A Era do Gelo 3” (Ice Age 3: The Dawn of Dinosaurs, EUA, 2009), dirigido exclusivamente, pela segunda vez, pelo brasileiro Carlos Saldanha (no primeiro filme, em 2002, ele dividiu a direção com Chris Wedger). A idéia de união famíliar já era uma marca desta franquia desde seu princípio, com o mamute Manny (voz de Diogo Vilela), a preguiça Sid (Tadeu Melo) e o tigre dente-de-sabre Diego (Márcio Garcia) unidos, apesar de não serem da mesma espécie, em função do fim da era glacial.

No segundo filme, Manny vivia sofrendo, sendo acusado de ser o último mamute vivo, até encontrar a companheira Ellie (Cláudia Jimenez), trazendo de brinde dois gambás. No novo filme, Ellie está prestes a parir um mamutinho, enquanto o pai de primeira viagem Manny fica neurótico, querendo tudo perfeito na chegada do filhote.

Nesse processo, Diego se sente velho e excluído, resolvendo deixar sua “família”. Sid se deixa convencer pela lógica de Diego e também vai embora, mas determinado a também formar uma família. De forma acidental, a preguiça encontra três ovos de dinossauro abandonados e assume que eles serão seus filhotes. A confusão acontece quando a mãe dinossauro reaparece e decide reaver seus ovos, sequestrando Sid a uma floresta subterrânea. Para resgatá-lo, Manny, Ellie, os gambás e Diego formam novamente uma família, além de contar com a ajuda de uma lontra alucinada (voz de Alexandre Moreno).

SCRAT
Mesmo a maior estrela da série de “A Era do Gelo”, Scrat, o esquilinho azarado de olhos esbugalhados e eternamente atrás de uma noz, entra no espírito ‘família’ do filme. O contrato com essa idéia fica estabelecido já na abertura do filme, com o narigão de Scrat (cujos grunhidos são feitos pelo diretor Chris Wedger) farejando a tal noz e dando de cara com a esquila Scratte. A paixão é avassalodora, mas não o suficiente para evitar que o casal brigue o tempo todo para ficar a noz.

Mais uma vez, como no segundo filme (2006), Scrat rouba a cena do enredo principal. Seu sofrimento agora ganha um outro elemento irresistível – com cílios longos e calda cheia e rebolativa. Seu drama recebeu contornos mais sofisticados, pondo o bichinho num dilema maior, coitado, agora entre a velha paixão (a noz) e a nova (Scratte).

Também como no segundo filme, o esquilo funciona de forma mais orgânica dentro do enredo principal e, também como na obra anterior, ele ganha mais tempo na tela, o que pode indicar um longa-metragem só para si no futuro.

A consistência na figura de Scrat não é à toa. O bichinho nasceu pouco antes do projeto “Era do Gelo”. A cria de Saldanha surgiu no curta-metragem “Gone Nuttty” (2002) e de lá pra cá sua personalidade vem se aperfeiçoando. Se em 2006, suas agruras lembravam bastante as mesmas do Coiote, correndo atrás do Papa-léguas, com a chegada de Scratte temos um referência direta a outro personagem clássico dos desenhos animados: o Looney Tunes, Pepe Le Gambá, o bichinho fedorento da Warner, romântico e grudento que confunde a gatinha Penélope com uma gambá fêmea. A diferença em “A Era do Gelo 3” é que a vítima não é fêmea Scratte, mas sim o macho Scrat, claro.

Agora, ao lado da companheira, nosso esquilo experimenta a vida de casado, gerando uma dos melhores momentos do novo filme, durante a arrumação da sala de estar do casal. Pobre Scrat.

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