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Entrevistas

Entrevista: Cao Hamburger (Xingu)

Cao: Os Villas Bôas são heróis e humanos

Por Luiz Joaquim | 05.04.2012 (quinta-feira)

Com cerca de 180 cópias, amanhã entra em cartaz em todo o País o filme “Xingu”. A audaciosa produção dirigida por Cao Hamburger – conhecido pelo anterior “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006) -, conta a trajetória dos irmãos Villas Bôas (vividos por João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat). Entre os anos 1940 e 1980, eles empreenderam uma jornada pelo interior do Brasil em um processo de reconhecimento de tribos indígenas que viria culminar na criação do Parque Nacional do Xingu, uma reserva, a maior delas, do tamanho da Bélgica. Nesta entrevista, por e-mail, o diretor Cao Hamburger comenta o interesse pelo tema, as dificuldades e sacrifícios para realizar “Xingu”.

De onde veio o interesse em contar a história dos Villas Bôas?

Em primeiro lugar, pelos personagens. Os irmãos Villas Bôas são figuras complexas e muito interessantes. São heróis e são humanos… Com todos seus dramas, conflitos e ambiguidades. São homens a frente de seu tempo, idealistas, corajosos e perseverantes. O Brasil carece de homens assim hoje em dia. Em segundo lugar, pela atualidade e urgência da história. Quem for ver o filme vai entender o que estou dizendo. A história ainda não acabou, está mais do que nunca atual.

Qual a maior dificuldade em condensar três ou quatro décadas de histórias tão ricas, importantes e cheias de nuances políticas?

Manter o bom ritmo do filme, tornando-o uma experiência prazerosa e emocionante.

A certa altura do filme, a entrada dos médicos, vividos por Maria Flor e Augusto Madeira, parece ter um importância maior do que realmente se confirma no todo da história. Alguma sequência naquele núcleo precisou ser cortada, ou resumida, na edição em função da fluição narrativa ou duração do filme?

As vezes para manter a estrutura narrativa bem construída, temos que priorizar passagens ou personagens em detrimento de outros. O filme não se propõe a ser um retrato fiel dos 30 anos da aventura real, mas um recorte particular com ideia e objetivos específicos. Esse não precisa ser o filme definitivo sobre esta história, outros podem ser feitos priorizando outros pontos da maravilhosamente rica história dos Villas Bôas.

Sabe-se que você é muito criterioso com a escolha dos atores. Pode falar da seleção do elenco, em particular da escolha do trio para compor os três irmãos, e do núcleo indígena?

São opções. Escolher os atores é sempre um processo pouco lógico. É muito intuitivo. É um momento definidor. Qualquer deslize pode ser fatal para o resultado final.

O filme parece ter um potencial de ótimo aproveitamento também na perspectiva educacional mais tradicional, ou seja, funcionando como material paradidático nas escolas. Existe algum planejamento para, em algum momento, trabalhar o filme nessa área?

Sim, estamos estudando como potencializar o filme não como conteúdo histórico, mas como uma aproximação da cultura e história do Brasil que pouco conhecemos.

Como foi a reação em Berlim? Que tipo de questionamentos o filme levantou no estrangeiro?

O publico alemão se envolveu bastante com o filme, com os personagens e com a questão indígena e ambiental que o filme coloca. Ganhamos um dos prêmios de publico.

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