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Entrevistas

Entrevista: Fernanda Coelho

Sobre o futuro da imagem

Por Luiz Joaquim | 14.11.2012 (quarta-feira)

Respeitada pelos mais de 30 anos de experiência no campo da preservação da imagem, a pesquisadora e conservadora audiovisual Fernanda Coelho atua na Cinemateca Brasileira – a mais conceituada instituição da área no País – e hoje promove uma palestra, às 15h no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). No tema, especial destaque para a fragilidade do suporte eletrônico para a imagem em movimento. A conversa integra a programação do 5ª Janela Internacional de Cinema do Recife.

Residindo no Recife há poucos meses, em função do desenvolvimento de um projeto para a formação da cinemateca da Fundaj, Fernanda avisa que seu alerta de hoje não será dado de forma trágica. “O rumo da conversa será mais no sentido de comentar a maneira de como procederms para manter a longevidade da imagem eletrônica. Não vamos dar fórmulas do tipo -para sobreviver, faça isso-, mas sim fazer uma contextualização técnica”, adianta.

Fernanda conta que se olhamos para o cinema na história de sua de preservação, veremos que ele sofreu transformações diversas e com elas vieram perdas. “Hoje estamos na quarta onda dessas transformações, e a imagem eletrônica possui uma dependência tecnológica básica. Hoje nos deparamos nem tanto com problemas de como preservar o conteúdo da imagem eletrônica [VHS, U-Matic, Betacam entre outros], pois elas se mantêm inteiras, mas sim como reproduzi-las, uma vez que seus aparelhos reprodutores vão sumindo do mercado. Ou seja, o risco é menos pela preservação e mais pela dependência tecnológica”, diz.

A especialista chama a atenção para outro detalhe: “O formato standard para a imagem digital ainda não está mundialmente definido. Hoje, é o fabricante do equipamento que define o formato que o cineasta vai trabalhar; e de maneira muito rápida. A indústria lança a tecnologia e o produtor que se adeque a ela. De certa forma, ficou ainda mais frágil a capacidade do produtor perpertuar sua obra”.

Uma das saídas dos grandes estúdios, contextualiza Fernanda, é transformar a produção originalmente digital em película, com a separação de cor em magenta, cyan e amarelo. “Com as três matrizes de imagem na segurança do suporte da película, a preservação fica garantida por décadas. Mas tem um porém, esse processo não apenas triplica o trabalho dos técnicos, mas também os custos desse trabalho, e é uma estratégia inviável para pequenos produtores”.

O processo ainda promove o inconveniente de demandar um espaço trêz vezes maior para armazenar apenas um filme. “Ainda assim esse caminho é mais barato do que a preservação da imagem eletrônica e digital em função da necessidade de equipar as cinematecas com softwares e treinar equipes especializadas, o que encareceria 15 vezes mais que o outro processo das três matrizes em película. Parece exagero, mas não é”, finaliza Fernanda.

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