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Festivais

47º Mostra SP (2023) – Programação

Faltam poucos dias para a Mostra apresentar, mais uma vez, seu gigantismo e a sua excelência curatorial

Por Luiz Joaquim | 15.10.2023 (domingo)

– com informações da assessoria da Mostra de SP. Na imagem acima, o filme de abertura: Anatomia de uma queda.

Há muitas semanas, por ocasião das primeiras postagens nas redes sociais a respeito da edição de 2023 da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Mostra de SP), um de seus 43 mil seguidores no Instagram comentou: “Mostra sem Palma de Ouro não pode”.

Pois Anatomia de um queda, a famigerada Palma de Ouro conquistada em Cannes neste ano pela francesa Justine Triet, é o título que abrirá oficialmente, na noite de quarta-feira (18) em cerimônia na Cinemateca Brasileira, a 47ª edição deste que é um dos mais importantes e merecidamente celebrado festivais de cinema da América Latina.

Seguindo o perfil da cidade que a acolhe e inspira, tudo na Mostra de SP é grandioso e tentar fazer uma síntese de seus atrativos é sempre um desafio jornalístico habitualmente frustrante visto o gigantismo de sua programação (esta ano com mais de 360 filmes de 96 países distribuídos por 24 telas) que, lógico, vai muito além de adiantar, em primeira mão aos paulistanos, os medalhões que passaram pelos grandes festivais do mundo.

Falando nos medalhões, neste ano, além da Palma de Ouro, é possível ver outras obras que brilharam na Croisette francesa como Ervas secas, dirigido por um dos mais talentosos realizadores do mundo em atividade, o turco Nuri Bilge Ceylan, cuja obra rendeu o prêmio de melhor atriz para Merve Dizdar, e Fallen leaves, dirigido por de Aki Kaurismaki, vencedor do prêmio do júri.

Serão exibidos, também de Cannes, Tiger stripes, de Amanda Nell Eu, vencedor do grande prêmio da Semana da Crítica; o brasileiro A flor do Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, prêmio de melhor equipe da mostra Um Certo Olhar; Dentro do casulo amarelo, de Pham Thien An, vencedor da Câmera de Ouro; Está chovendo em casa, de Paloma Sermon-Daï, prêmio do júri da Semana da Crítica. Também integram a programação Criatura, de Elena Martin, e Um príncipe, de Pierre Creton, ambos premiados na Quinzena dos Realizadores.

Fallen Leaves

Do Festival de Berlim é possível ver No adamant, de Nicolas Philibert, Urso de Ouro de melhor filme; Afire, de Christian Petzold, Urso de Prata; Samsara – A jornada da alma, de Lois Patiño, prêmio especial do júri da Mostra Encontros; Névoa prateada, de Sacha Polak, prêmio do júri do Teddy Award para a atriz Vicky Knight.

De Veneza, temos o Leão de Ouro Evil does not exist, de Ryusuke Hamagushi (Drive my car), também vencedor do grande prêmio do júri e do prêmio da crítica. Tem também Paraíso em chamas, de Mika Gustafson, vencedor da Mostra Orizzonti de melhor direção; El paraíso, de Enrico Maria Artale, que ganhou o prêmio de melhor roteiro na Mostra Orizzonti e que deu a Margarita Rosa de Francisco o prêmio de melhor atriz da Mostra Orizzonti; O amor é uma arma, de Lee Hong-chi, prêmio de melhor primeiro filme; Vampira humanista procura suicida voluntário, de Ariane Louis- Seize, vencedor da Giornatta; Malqueridas, de Tana Gilbert, vencedor do prêmio de melhor filme da Semana Internacional da Crítica.

De Locarno, vem Zona crítica, de Ali Ahmadzadeh, vencedor do Leopardo de Ouro de Melhor Filme; Não espere muito do fim do mundo (leia crítica aqui), de Radu Jude, que venceu o prêmio especial do júri e menção especial do prêmio independente do júri. Há ainda os destaques de Sundance, San Sebastian, Roterdã, Annecy e Karlovy Vary.

Outros títulos que poderão excitar a ansiedade dos fãs da Mostra são Maestro, de Bradley Cooper, A teoria universal, de Timm Kröger, A besta, de Bertrand Bonello, Bom dia à linguagem, de Pa Vecchiali, Mulher de…, de Malgorzata Szumowska e Michal Englert, O livro das soluções, de Michel Gondry, Juventude (Primavera), de Wang Bing, Na água, de Hong Sang-soo, La chimera, de Alice Rohrwacher, Anselm – 3D, de Wim Wenders, Fechar os olhos, de Victor Erice, e O espectro do Boko Haram, de Cyrielle Raingou.

Anselm – 3D

NOVIDADE – A Petrobras inaugura uma nova ação de patrocínio com a construção de um espaço temporário na Cinemateca Brasileira. Chamado Espaço Petrobras, o local vai abrigar, além de sessões tradicionais na área externa, o Domingo Musical, no dia 22, com a exibição do filme Saudosa maloca, de Pedro Serrano, que será precedido por uma roda de samba com Everson Pessoa, que fez a trilha do filme, e convidados. Meu sangue ferve por você, de Paulo Machline, encerra a noite com a participação musical do então cinebiografado Sidney Magal.

O Espaço Petrobras também exibirá na quinta-feira (19) De longe toda serra é azul, de Neto Borges, seguido de show de Zeca Baleiro, autor da trilha sonora, e no dia 26 tem sessão de Mussum, O Filmis, de Silvio Guindane, com apresentação de uma roda de samba na sequência.

Haverá ainda a exibição do marco do cinema de vanguarda soviético Um homem com uma câmera (1929), de Dziga Vertov, com nova trilha composta pelo compositor, flautista e professor Luiz Henrique Xavier.

Com exibição em cópias restauradas, exibem Amor louco (1969), de Jacques Rivette, Vale Abraão (1993), de Manoel de Oliveira, O retorno à razão (1923), de Man Ray, Corisco & Dadá (1996), de Rosemberg Cariry, O sangue (1989), de Pedro Costa, e Underground: mentiras de guerra (1995), de Emir Kusturica.

Underground: Mentiras de uma Guerra

HOMENAGENS – A propósito, Kusturica estará em São Paulo, compondo o júri da Mostra (ao lado de Lenny Abrahamson, Bárbara Paz, Enrica Fico Antonioni, Mariette Rissenback e Welket Bunguê) e também sendo homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. O mesmo será entregue também a Júlio Bressane, na abertura do evento. Integram a programação os dois filmes mais recentes do cineasta carioca, o documentário A longa viagem do ônibus amarelo e a ficção Leme do destino.

Falando de homenagens, mais um tesouro que a Mostra entrega ao seu público é a retrospectiva do deus Michelangelo Antonioni. São 23 filmes realizados em 65 anos de atividade como roteirista, diretor e produtor. Confira os títulos aqui.

Como se não bastasse, a Mostra oferece a leitura que os atores Fernanda Marques, Aury Porto, Christian Malheiros, Arlindo Lopes, Gabrielle Lopes, Brunna Martins, Augusto Madeira e Milhem Cortaz farão do roteiro de Tecnicamente doce. O roteiro foi escrito por Antonioni e será filmado com direção de André Ristum, produção de Caio Gullane, Fabiano Gullane e André Novis em coprodução com a empresa italiana Vivo Film, associada à Enrica Antonioni.

Em tempo: quem assina a arte da 47a Mostra é Antonioni, por meio de uma pintura feita nos anos 1960.

O Grito (1957), um dos títulos de Antonioni exibidos na homenagem-retrospectiva

ENCONTROS – Como nem só de filmes vive a Mostra (embora poderia viver muito bem se dependesse só deles), a edição 2023 trará, pelo terceiro ano consecutivo, o Encontro de Ideias Audiovisuais, que inclui o VII Fórum Mostra, o VII Da Palavra à Imagem e o II Mercado. O Encontro será realizado de 26 a 28 de outubro, na Cinemateca Brasileira.

A crítica de cinema também ganha seu espaço de encontro no evento com o lançamento do livro Inácio Araújo – Olhos livres na Cinemateca Brasileira, dia 26 de outubro, às 15h. O livro é um produção da Abraccine e reúne textos de críticos e estudiosos a respeito da vida e do trabalho do crítico de cinema, cineasta, escritor e professor. No mesmo dia, às 17h, a Cinemateca Brasileira abriga o lançamento de A arte da crítica, de Luiz Zanin Oricchio, no qual o crítico de O Estado de S. Paulo busca responder questões fundamentais sobre o exercício da crítica a partir de sua experiência de mais de 30 anos como crítico do Estadão e da cobertura de dezenas de festivais no país e no exterior.

Além do aplicativo exclusivo da Mostra, onde estarão disponíveis programação, venda de ingressos e notícias do festival, neste ano, pela primeira vez, cerca de 20 filmes da seleção terão recurso de acessibilidade por meio do aplicativo Mobiload.

A Netflix, também pela primeira vez, vai entregar um prêmio no festival, que será concedido a um filme brasileiro participante da Mostra deste ano que ainda não tenha contrato com um serviço de streaming, a partir da escolha de uma comissão julgadora liderada pela Netflix. O filme vencedor do Prêmio Netflix, a ser anunciado no dia 1º de novembro, data de encerramento da Mostra, será adquirido pela Netflix e exibido em mais de 190 países.

Também pela primeira vez será entregue o Prêmio Paradiso para um dos filmes selecionados da seção Mostra Brasil. A premiação vai apoiar a distribuição da obra nas salas de cinema brasileiras.

Sobre os brasileiros na programação, alguns dos incontornáveis são: Até que a música pare, de Cristiane Oliveira; Estranho caminho, de Guto Parente; O dia que te conheci, de André Novais; e Pedágio, de Carolina Markowicz.

E se você acha que isso é tudo o que há a dizer sobre a 47ª Mostra, saiba que não chegamos nem na metade do tanto de alegria que esse evento irá oferecer aos fãs do bom cinema.

Se quiser descobrir um pouco mais, acompanhe a cobertura da 47ª Mostra de SP pelo CinemaEscrito com textos analíticos publicados a partir da sexta-feira (20).

Confira agora a vinheta de abertura da 47a Mostra de SP.

 

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