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Reportagens

Revendo 2006

Muitas animações marcaram o ano

Por Luiz Joaquim | 04.11.2006 (sábado)

É difícil dizer por qual motivo um ano será lembrado
em termos cinematográficos. Alguns prêmios e recordes
de bilheteria ajudam a desenhar um quadro que nunca
cobre todas as áreas e bons detalhes que um ano
inteira guarda. Como em outros anos, o início de 2006
foi marcado pelas obras que iriam ilustrar o Oscar.

Entre estes, Steven Spielberg nos relembrou de seu
talento em “Munique”, visitando com rara competência
um tema adulto. Nesse mesmo sentido, Woody Allen,
outro veterano, sem o mesmo crédito de antes com o
público, nos brindou com “Ponto Final”, onde o
equilíbrio e a maturidade se casaram com perfeição.
Mas dessa leva, o que ganhou mais holofote foi “O
“Segredo de Brokeback Mountain”, de Ang Lee. Muitos
marmanjos foram levados pelas suas companheira aos
cinemas para ver este romance picante entre dois
vaqueiros. E é bem provável que alguns desse marmanjos
tenha chorado. Contra a própria vontade, claro.

O grande nome no início de 2006 foi mesmo o de George
Clooney, que apareceu duplamente competente em
“Syriana” e “Boa Noite e Boa Sorte”, provando que
inteligência ainda tem espaço em Hollywood.

Em março, Spike Lee, outro veterano que andava
esquecido, deu o ar da graça com a obra-prima chamada
“Plano Perfeito”. Em rara precisão, Lee construiu
talvez seu melhor filme de apelo popular sem largar o
tom autoral. Terrence Malick também reapareceu com o
delicado e pouco compreendido “O Novo Mundo”. Já era
abril e chegava o primeiro megalançamento de 2006. “V
de Vingança”, uma cria dos irmão “Matriz” Wachowski.

Uma vez a porteira aberta, vieram as inevitáveis
seqüências: “X-Man 3” e “Missão Impossível 3”. Aqui, a
estrela de Tom Cruise perdeu um pouco do seu brilho.
Motivo: as macacadas que ele construiu na mídia por
conta da união e do novo filho com Katie Holmes.
Resultado, perdeu seu contrato de 14 anos que tinha
com a Paramount.

No rastro dos arrasa-quarteirões veio “Piratas do
Caribe 2: O Baú da Morte” que bateu recordes
históricos de bilheteria. Ao seu lado estava
“Superman: O Retorno”. Com este, o homem de aço ganhou
um novo e digno rosto, o de Brandon Routh. “007”
também ficou loiro em dezembro de 2006, no “Cassino
Royale” com Daniel Craig.

Outros destaque no circuitão foram o humor triste de
“Click”, a corrosão de “Obrigado por Fumar”, e a
competência de captação digital em “Miami Vice”. Em
setembro, veio uma aventura aloprada chamada
“Serpentes a Bordo” que, combinando com o sério “Vôo
93”, preparou o espectador para a tragédia nacional
protagonizada pelo vôo 1907 da Gol.

Não dá pra falar de 2006 sem as animações. Por esse
aspecto, o ano foi para as crianças – e não só para
elas – através de “A Era do Gelo 2”, “Os
Sem-Florestas”, “Casa Monstro”, “O Bicho Vai Pegar”,
“O Segredo dos Animais” e “Happy Feet”.

Entre aqueles que chegaram pelo circuito alternativo,
lembraremos do italiano “As Chaves da Casa”, o francês
“Bonecas Russas”, os espanhóis “Crime Ferpeito” e “O
Que Você Faria?”, o ingleses “O Corte” e “Café da
Manhã em Plutão”, e os americanos “A Lula e A Baleia”
e “Eu, Você e Todos Nós”. Aqueles que não fariam falta
em 2006 foram “O Código Da Vinci”, “Dama na Água”,
“Torres Gêmeas” e “O Sacrifício”. Nicolas Cage,
protagonista dos dois últimos, que se cuide.

BRASIL
A maior bilheteria de um filme brasileiro em 2006 –
mais de 3 milhões de pagantes – foi de um filme
lançado em 2005: “Se Eu Fosse Você”. Com esse
prestígio, o diretor Daniel Filho largou meses depois
a porcaria “Muito Gelo e Dois Dedos D´Àgua”. Outros
bobagens verdeamarelo foram “Gatão da Meia Idade”,
“Irma Vap: O Retorno”, “Zuzu Angel”, Trair e Coçar É
só Começar” e “Fica Comigo esta Noite”. De positivo,
“O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” e “O Maior
Amor do Mundo”. Em termos mercadológicos a novidade
foi negativa. A ocupação de público para filmes
brasileiros desceu em relação ao ano passado.

PERNAMBUCO
Uma boa notícia para o Estado veio só em setembro,
quando o MinC anunciou o já vitorioso “Cinemas,
Aspirinas e Urubus” como indicação oficial para
concorrer ao Oscar estrangeiro. Só em 27 de janeiro é
que a Academia vai dizer se estamos dentro ou fora.
Agora em novembro, Cláudio Assis também timbrou o nome
de Pernambuco nas primeiras páginas de todos os
jornais, ao ganhar cinco Candangos no Festival de
Brasília com “Baixio das Bestas”.

Também brilharam, com curtas, Kleber Mendonça Filho
por “Noite de Sexta, Manhã de Sábado” (35mm) e Daniel
Aragão por “Uma Vida e Outra” (16mm). Mendonça também
já promoveu no Festival “É tudo verdade” exibição de
seu primeiro longa, o documentário “Críticos”. No
Cine-PE, em sua 10º edição, Franklin Jr. trouxe à luz
seu “Orange de Itamaracá”. Camilo Cavalcanti
apresentou sua “Rapsódia para Um Homem Comum”, já
antes premiado em Brasília.

No âmbito da produção de longas-metragens, o Estado
teve um ano como há muito tempo não se tinha. Além do
novo de Assis, Paulo Caldas rodou seu “Deserto Feliz”,
Adelina Pontual desenvolve roteiro para o primeiro
longa, e Daniel Bandeira também rodou seu primeiro
longa, “Amigos de Risco” que, esperamos ver em 2007.
E, por fim, uma estrela nasceu em 2006. Seu nome:
Hermila Guedes. Esteve em Veneza com “O Céu de Suely”,
vai aparecer em “Baixio das Bestas” e ainda estará em
“Deserto Feliz”. O mundo vai ficar pequeno.

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