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Críticas

Paixão sem Limite

Drama em compartimentos

Por Luiz Joaquim | 13.04.2007 (sexta-feira)

É hoje uma fórmula fácil e cansada: quando o
desenrolar de um drama vai mal num filme (ou mesmo num
romance), roteiristas/diretores medianos nos
apresentam um final trágico. Desta forma abrem os
olhos já dormentes do espectador, pelo caminhar
enfadonho do filme, para algo disfarçado de grandioso.
Esta é a impressão mais forte que fica ao final de uma
sessão de “Paixão Sem Limites” (Asylum, Reino
Unido/Irl., 2005), exibindo hoje (21h) e amanhã (11h)
no Shopping Boa Vista e de segunda a quinta-feira
(19h) no Shopping Recife.

Com um bem cuidada direção de arte, vale registrar, a
história se passa nos anos 1950, numa entediante
clínica psiquiátrica. Lá, a esposa do novo diretor
interino (Natasha Richardson) inicia uma intensa
relação adúltera com um dos pacientes (Edgar Starck) –
em tratamento pelo médico mais antigo da casa (Ian
McKellen) – por ter matado a própria esposa.
Adaptada de um romance de Patrick McGrath (autor de
“Closer – Perto Demais”), o roteiro sofreu
transformação para o cinema pelas mãos do mesmo
Patrick Marber, que também adaptou “Closer”, além de
“Notas Sobre um Escândalo”, também em cartaz, no Box
Guararapes.

Um problema, entre vários, em “Paixão…” aparece
também em “Notas…” que é o fato de personagens não
possuírem consistência dramática crível. Não convencem
em seus sofrimentos mostrado em respingos situacionais
e esquemáticos, apresentados aqui de forma relâmpago.
Apesar dos problemas comuns, “Notas…” apresenta
vantagem sobre “Paixão…” exatamente pelo elenco
(Judi Dench e Cate Blanchett) excepcional. Já no falso
romance psicológico da Sessão de Arte, Richardson e
Starck encarnando o estereótipo do casal cego pelo
paixão, remetendo às encenações em sub-filmes
soft-pornô.

Por exceção temos aqui McKellen, como um sagaz velho,
homossexual e sedutor (papel que faz bem desde “Deuses
e Monstros”, 1998). O veterano ator consegue extrair
consistência apesar dos poucos diálogos e intercalada
aparições dentro da narrativa.
Quando foi exibido no Festival de Berlim, em 2005,
este filme de David Mackenzie concorreu ao Urso de
Ouro mas, depois de projetado, sofreu com a crítica
que o comparava, de forma depreciativa, como um
“episódio cinematográfico” da série “Desperate
Housewives”. Talvez nem chegue a isso. “Paixão sem
Limites” chega às locadoras em maio.

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