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Críticas

Person

Retrato do artista e do homem Luís Sérgio Person

Por Luiz Joaquim | 12.04.2007 (quinta-feira)

É muito corajoso o que Marina Person realizou ao tocar o projeto “Person”, um filme que iniciou como curta-metragem em 1998, virou um programa de 52 minutos na TV Cultura e, em 2007, transformou-se num belo longa-metragem. Marina, 38 anos, VJ da MTV, estudou cinema em São Paulo e só na sala de aula entendeu a real dimensão da importância da obra de seu pai, Luís Sérgio Person, na história das telas grandes brasileiro.

Com “Person” (Brasil, 2007), a jovem diretora não apenas revisita as obras de seu pai, falecido antes de completar 40 anos, em 1976, mas faz uma auto-análise de sua relação com ele e com toda a sua família a partir do momento em que Luís Sérgio lhe foi tirado do convívio de forma violenta, através de um acidente de automóvel.

Em conversa aberta, com sua irmã Domingas Person presente, ela pergunta a mãe, Regina Jehá: “Se ele estivesse vivo você acha que ainda estariam juntos?” Com questões como estas colocadas e com as respostas que consegue, Marina, vai aos poucos, dando um retrato de quem foi homem Person, o que corrobora para o que a diretora vem anunciando em entrevistas, ou seja, que tocou o projeto para redescobrir seu pai, além do mitológico autor cinematográfico.

A própria abertura do longa mostra uma imagem caseira, em Super8, de um aniversário infantil (provavelmente o de Marina). Essas inserções com questões pessoais vêm de forma alternada com outras referentes à produção de Luís Sérgio. Marina não negligência uma avaliação, ou análise, (mesmo que rápida) dos filmes do seu pai. E nem poderia.

Entrevistando atores (Lima Duarte, Raul Cortez, Walmor Chagas, Eva Wilma, Paulo José, Sérgio Mamberti, Paulo Goulart), técnicos (Cláudio Petráglia, Jean Claude-Bernardet) e amigos (Jorge Benjor, Carlos Reinchenbach, José Mojica Marins) Marina vai dando novas cores ao autor de “São Paulo S/A”, “O Caso dos Irmãos Neves” E, por essas novas informações, além de uma excelente entrevista que Person concedeu à TV Cultura antes de falecer, ela ajuda o espectador a ler as obras de
Person com uma nova perspectiva.

Ao final, o documentário reforça a aura artística do cinebiografado, que assim como o personagem Carlos (Walmor Chagas) em “São Paulo S/A”, estava sempre pronto a recomeçar. Fosse de ator para diretor, fosse de diretor para publicitário, fosse de publicitário para cineasta mais uma vez, até deixar um lacuna grande no cinema brasileiro com sua partida antecipada.

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