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Arquivo X – A telessérie

Scully e Mulder juntos?

Por Luiz Joaquim | 23.07.2008 (quarta-feira)

Com estréia mundial nesta sexta-feira, 25 de julho, o filme “Arquivo X – I Want to Believe” reativou a saudade dos fãs. E quanta saudade! Foram nove anos tumultuados acompanhando as peripécias dos agentes do FBI Danna Scully (Gilian Anderson) e Fox Mulder (David Duchovini) em busca do desconhecido. “A verdade está lá fora”, lema que fazia os fãs se remexerem na cadeira uma vez por semana para ver as aventuras dos federais para resolver casos envolvendo os sobrenaturais. O novo longa veio para, além de dar respostas às diversas perguntas deixadas na série, responder ao questionamento mundial: eles vão ficar juntos? Casados ou “ficantes”… sim, eles vão ficar juntos.

O nome da série é o mesmo de uma subdivisão do FBI para solucionar crimes que não se encaixam em outras facções, aparentemente sem solução. Cada um tinha seu motivo para estar no Arquivo X. Fox queria achar a irmã que viu sendo abduzida (termo usado para quando os E.T. levam os terrestres para experiências ou sei lá o que no mundo de lá) e provar que extraterrestres são reais. Danna, pode-se dizer que não queria estar ali, mas foi designada por Skinner a ser parceira de Fox para assumir voz da razão, pelo menos até a quinta temporada. O braço direito ou o anjinho bom dos desenhos animados para dizer “não, não é por ai que funciona, e se ele estiver mentindo?”.

Como em todo bom romance, apaixonaram-se e esconderam o jogo até o final. Até o fim mesmo, vindo um beijo apenas no novo filme da série. Tudo nas entrelinhas, matando os fãs aos poucos com cada curiosidade, mas sempre com a certeza que pelo menos uma noite de amor eles tiveram. E a noite é revelada ao acaso, quando um interrogado salta a frase célebre para a agente: “…sei que você se sente sozinha e em uma dessas noites de solidão, convidou o agente Mulder para a sua cama”. Eles fizeram amor e ninguém viu! Mas foi só isso mesmo.

A série virou febre mundial e já foi exibida por nove anos pelo canal pago FOX e seis no Brasil pela TV aberta Rede Record. Muitos fãs ainda se perguntam o porquê de um casal tão sem graça, sempre de terno e sapatos fechados, sem beijos ou ousadias, levantar torcida para ficarem juntos. Mas a emoção do mistério era o que prendia a audiência. Os casos eram os mais inacreditáveis possíveis, com o respaldo da realidade policial. Vilas inteiras sobre o controle dos E.T.s, episódio onde eles tiveram o gostinho de ser marido e mulher por uma semana para poder investigar os vizinhos, cogumelos alucionógenos que os fizeram imaginar o fim dos casos e provando a existência dos extraterrestres, dissecação de corpos, ligações no meio da noite e… nunca provaram nada. As ameaças de fecharem o Arquivo X eram constantes, mas eles sempre davam mais provas da existência de uma população mais inteligente lá fora e Skinner sempre encobria tudo. O mais perto que chegaram de resolver os casos foi em “Arquivo X – O Filme” (1998), pena que Scully foi dopada e não conseguiu ver a nave no final. Só Mulder viu a verdade, e, tido como doido, nunca ganhou crédito.

Discrição era a norma do casal. Scully teve um filho, mencionado no novo longa, mas não ficava com Mulder e sempre contou que era estéril. Como? Dos E.Ts, claro! Foi abduzida e, para evitar mais problemas de credibilidade para a amada, Mulder assumiu a paternidade. E assim tiveram um filho sem ao menos um toque ousado diante das câmeras. Aos poucos esse casal discreto foi ganhando torcidas, fã clubes, sites, blogs e até pedidos por carta a abaixo-assinado para a produtora continuar a série. Mas nove anos são muito tempo e os atores cansaram. O primeiro a sair foi David Duchovini, cansado de ter seu nome trocado nas ruas, resolver partir para novos trabalhos. Mestre em literatura estrangeira, foi diretor, roteiristas e ator de peças teatrais, mas nunca conseguiu tirar das costas o peso de ser Fox Mulder. O casal cansou do papel bem antes do que pensava, mas os contratos e propostas salariais cada vez maiores, incrementadas pela pressão dos fãs, fizeram com que a série durasse os nove anos. Dizem as más línguas, confirmadas depois pelos atores, que não tinham amizade fora do estúdio. “Trabalhamos tanto tempo junto que preferimos restringir o contato para não enjoarmos um do outro”, explicou Gilian em entrevista, há seis anos atrás. David saiu (Mulder foi abduzido) na sétima temporada e Scully ganhou novo parceiro, John Doggett (Robert Patrick), odiado pelos fãs por ser correto e sempre seguir as regras.

A pressão pelo final feliz dos agentes continuou pelos dois anos finais da série, saciada apenas no lançamento de “Arquivo X – O Filme”. Infelizmente, um longa apenas para fãs, pois continuava um assunto apenas compreendido pelos acompanhantes da telessérie. Nada mais justo com os seguidores, os responsáveis pelo sucesso e sustento do salário de cada um envolvido na produção com seus inúmeros pedidos de continuação. Neste novo filme, o pecado não foi cometido: todos entendem, mas tudo mudou. Mulder está mais calmo, amadureceu. Ainda com saídas loucas em busca do nada em lugar algum, mas começa a dar conselhos a Scully e mostrar-se um parceiro ideal, com direito a dormir de conchinha e conversa na cama sobre problemas emocionais. Scully conseguiu voltar para a medicina e agora tem seus próprios medos, deixando o ex-parceiro em segundo plano. As mensagens das entrelinhas foram deixadas de lado, agora é tudo muito claro, nada de mistério: o caso é resolvido com provas e seqüencia lógica, nada fica arquivado e o casal comenta abertamente seus medos e anseios, falando até do filho abduzido, tudo muito estranho para amantes tão discretos e silenciosos. Os fãs viram o beijo tão esperado e, a ausência dos homenzinhos verdes e a falta de um convite para serem novamente agentes federais foi a maior mensagem transmitidas: o Arquivo X foi fechado em definitivo.

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