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Críticas

Crepúsculo

Um príncipe que bebe sangue

Por Luiz Joaquim | 18.12.2008 (quinta-feira)

Há quatro semanas um novo fenômeno chamado “Crepúsculo” (Twilight, EUA, 2008) surgiu no mercado cinematográfico norte-americano e, dentro da atmosfera ‘colônia audiovisual’ em que o Brasil (e o resto do mundo) se enquadra, criou-se uma expectativa por aqui acima do esperado para a chegada deste novo filme da boa diretora Catherine Hardwicke (de “Aos Treze”).

Na verdade, já havia por lá um insano interesse juvenil pelo romance homônimo de Stephene Meyer (do qual o filme foi adaptado) e o filme seguiu esse caminho. Com um custo de produção de US$ 37 milhões, rendeu, até agora, US$ 138 milhões.

Visto o filme, não parece tão complicado explicar o sucesso considerando que Hardwicke, ótima manipuladora de imagens, sabe criar e manter tensão mesmo para uma historinha murcha e cansada, já vista em dezenas de filmes sobre romance entre colegiais. Os anos 1980, em particular foi prolífero nesse campo, em especial pelas mãos de John Hughes, pelas quais os alunos não-populares do ginásio também tinham vez.

Sem pensar muito, vemos que “Crepúsculo” pode ser visto como uma releitura (entre outras) de A Bela Adormecida. Isso mesmo, o conto de fadas, só que no filme/livro o príncipe é um vampiro e não é o beijo que acorda sua amada para a vida, mas uma chupada de sangue.

Contos de fadas permanecem sucesso eternidade adentro exatamente por tocar em pontos cruciais do desejo humano. Proteção e bem-querer são alguns deles.

A fórmula se repete em “Crepúsculo” com uma roupa moderna, o que é propício para agradar aos adolescentes – seres, em sua maioria, interessados em estar a frente de seu tempo. O príncipe, ou melhor, o vampiro em “Crepúsculo” (o ator Robert Pattinson) é misterioso e guarda um ar gótico e de sofisticação sedutora.

Ele se apaixona pela novata que se muda para a cidade interiorana mais chuvosa e escura do país. A ensimesmada Bella (Kristen Stewart), por sua vez, também guarda em sua personalidade o tipo que prefere “sofrer sozinha” a estar no meio da bagunça adolescente. Do lado dele, a paixão é imediata uma vez que a mente de Bella é a única que não pode ser lida pelos meios sobrenaturais que ele possui. Do lado dela, além de enxergar nele um jovem galã, vê também um galanteador e cavalheiro, coisa incomum entre os garotos de 17 anos.

Completando a fórmula positiva do filme, temos o casal Stewart e Pattinson, ambos bastante charmosos e afinados na química necessária para protagonizar casais apaixonados no tema ‘amor impossível’.

Há, porém, a criação de uma problemática de ação, inserindo vampiros ‘do mal’, que desequilibra não só o ritmo mas as soluções do filme. Nada que deva incomodar os adolescentes brasileiros, assim como não incomodou os norte-americanos. Aguardemos a seqüência (chamada “Lua Nova”), já em negociação, mas sem o talento de Hardwicke na direção.

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