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Reportagens

Curta: Teatro da Alma (gravação)

Radiografia da alma num cinema lúdico

Por Luiz Joaquim | 12.01.2009 (segunda-feira)

Logo após o Terminal Rodoviário Integrado de Passageiros do Recife (TIP), na BR-232, o Engenho São Francisco, onde Francisco Brennand viveu boa parte de sua vida, teve a última sexta-feira e sábado agitados. Isso porque a neta do artista plástico, Deby Brennand Mendes, e mais uma equipe técnica e artística, gravava a segunda e última parte de “Teatro da Alma”, segundo curta-metragem da diretora com elementos ficcionados. O filme inaugura a produtora Lunática Filmes, de Deby, e tem a ajuda da Mariola Filmes, de Mariana Fortes.

O inebriante bucolismo do centenário Engenho também serviu de cenário para “Tantas e Tantas Cartas” (2006) pelo qual a cineasta mostrava a importância da natureza como inspiração na arte de sua avó Deborah Brennand. “Estou fazendo um involuntário resgate visual do Engenho”, comentou satisfeita.

O gene de “Teatro da Alma” surgiu ainda em 2005, quando Deby encontrou lá no Engenho alguns fimes no formato Super-8 rodados em 1979 (quando ela tinha um ano de idade). Os filmes mostravam o aniversário dos primos animado por palhaços que, de certa forma, assustavam a menina Deby. Rever os filminhos tanto tempo depois mexeu com sua cabeça e gerou o argumento para o novo curta

Em 2007, Deby já tinha todas as cenas de “Teatro…” escritas e junto com uma equipe entusiasmada com sua proposta – Marcos Castro na produção executiva, Hermila Guedes e Alexandre Peixoto no elenco, e William “Jura” Cubits na fotografia – rodou em julho daquele ano sequências que chama de ôrepresentações do imáginárioö para a sua história. Agora em janeiro, foi a vez das cenas mais concretras, reais, para daí amarrá-las na montagem a ser feita por Tatiana Almeida já a partir desta semana.

Para Deby, fã de David Lynch, o desafio maior era traduzir em ‘cinema’ as sensações de delírio, desejos e, principalmente, medo pelos quais passam a personagem de Hermila. “Sabe aquela sensação antes de adormecer propriamente, em que você revê lembranças como quem vê um sonho? No filme, a figura do palhaço representa o medo da protagonista. Será um filme lúdico, sensorial e apesar de sua fácil compreensão, cada um espectador vai sentí-lo diferente”, adianta a diretora. “Nesse sentido, o trabalho de Diogo Balbino e Analu na direção de arte foram especiais, criando uma cenografia concreta melhor do que eu pude conceber”, registra.

Pilotando a câmera digital Panasonic DVX-100, Jura destaca no trabalho a experiência das sobreprojeções de imagens em novas texturas como plantas e árvores, que administrou com Deby. “Já tive algumas experiências assim no curta ‘Schemberguianas’, com o Sérgio Oliveira, mas tivemos alguns resultados diferentes aqui, que abriu novas possibilidades plásticas, deixando de ser apenas imagens digital para dialogar com artes plásticas”, explicou o diretor de fotografia.

Deby agora trabalha em ritmo acelerado para tentar realizar o desejo de lançar “Teatro da Alma” no próximo Cine-PE, que inicia em 27 de abril. “Mas se perceber que a correria vai afetar negativamente o resultado que tenho em mente, vou relaxar e tomar o tempo que for necessário”, finaliza.

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