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Reportagens

Revendo 2009

2009: o triunfo da bilheteria

Por Luiz Joaquim | 21.12.2009 (segunda-feira)

Ninguém deve lembrar, mas quando publicamos neste caderno, no dia 1º de janeiro de 2009, uma perspectiva de como seria o cinema em 2009 demos como título a seguinte frase: “2009 será o ano do 3D digital’. Nao deu outra. Olhando para trás, se há algo que realmente podemos dizer como marcante para o mercado cinematográfico em 2009 foi o estabelecimento dessa tecnologia.

Só para citar quatro produções que chamaram bastante atenção nesse campo, temos “A Era do Gelo 3” (recordista de público no ano), “Monstros vs Alienígenas”, “Coraline e O Mundo Secreto”, “Up: Altas Aventuras” e “Avatar”. Este último récem-lançado e vendido como um revolucionário nessa tecnologia.

Falando em bilheteria, depois de muitos anos, temos uma produção brasileira em segundo lugar entre os mais vistos do ano (vide box abaixo). Logo em janeiro, “Se Eu Fosse Você 2” arrebatou os frequentadores dos multplex com suas piadas simples e simplórias. O sucesso foi tanto que os EUA fará uma versão gringa para o estranho casal vivido por Tony Ramos e Glória Pires. No Brasil, devemos ter o “Se Eu Fosse Você 3”.

Também em Janeiro vimos Brad Pitt rejuvenescer em “O Curioso Caso de Benjamim Button” e depois escalpelando nazistas em “Bastados Ingórios”. Já Baz Lurhamann logrou fracasso ao lado de Hugh Jackman e Nicole Kidman em “Austrália”. No campo “Oscar”, Hollywood voltou os olhos para dois moleques e uma menina numa favela indiana, dando a “Quem Quer Ser Milionário?” o título de melhor filme. A grande injustiça da Academia ficou por conta da premiação para Sean Penn, por “Milk”, quando havia um consenço generalizado com o retorno de Mickey Rourke por “O Lutador”.

Ainda lá em fevereiro, Tom Cruise veio o Brasil fazendo estardalhaço para lançar o bobo “Operação Valkiria”. Em março, o mestre Clint Eastwood apresentou seu “Grand Torino” para o deleite do público, que se viu frustrado com a adaptação feita por Frank Miller para “The Spirit”. Uma adaptação bem sucedida foi a adequação de “Watchman” para a tela grande. Em abril, vimos Alice Braga brilhar em mais um filme estrangeiro ao lado de Harrison Ford, em “Território Estrangeiro”, e o Cine-PE marcou seu maior ponto trazendo ao Recife não só Costa-Gavras como a cópia de seu clássico “Z”, exibido no gigantesco Cinetetro Guararapes.

Já em maio, Lars Von Trier declarou em público: “sou o melhor diretor do mundo”, com seu “Anticristo”, mas quem levou mesmo a Palma de Ouro foi Michael Haneke, com “A Fita Branca”. Neste campo de “premiados”, o mundo viu reconhecido o talento da inglesa Sally Hawkins, melhor atriz em Berlim e no Globo de Ouro, por “Simplesmente Feliz”.

Junho viu renascer uma lenda cinematográfica no não tão empolgante “O Exterminador do Futuro: Salvação”, sob polêmicas com um esquentado Christian Bale no set de filmagens. Quatro brasileiros também ganharam holofotes por essa época: “Mulher Invisível”, com Selton Mello (também presente em “Jean Charles”), “O Contador de Histórias”, com Maria de Medeiros”, “À Deriva”, de Heitor Dhalia, e “Besouro”, com Irandhir Santos.

O mundo acabou duas vezes em 2009. Primeiro foi no início do ano, com “O Dia em Que a Terra Parou”, com o alienígena Keanu Reeves, e em novembro com “2012”, pelo megalomaníaco Roland Emmerich. De refilmagens, duas marcantes foram “Sexta-feira 13” e o excelente “Star Treck” (talvez o melhor filme de ação do ano). Já o bruxinho Harry Potter, que teve seu sexto filme lançado em julho, ganhou um grande rival em 2009. A vampirada teen de “Lua Nova” ameaçou com força o score de bilheteria alcançado pelos estudantes da escola Hogwarts.

Tarantino frustrou os fãs com sua ausência no Festival do Rio em setembro, mas não com o que mostrou na tela com “Bastardos Inglórios”. Já a Mostra de São Paulo nos presentou com a presença de Theo Angelopoulos. O último gênio a estrear no calendário 2009 do mercado brasileiro foi Almodóvar. “Abraços Partidos” dividiu algumas opiniões, mas em nenhuma foi detratado.

De triste, tivemos a partida de Anselmo Duarte (1920-2009), galã da Atlântida e único brasileiro a conquistar uma Palma de Ouro em Cannes, em 1962, com “O Pagador de Promessas”. O cineasta faleceu em novembro, vítima de um AVC.

PERNAMBUCO
E o cinema Pernambuco vai bem, obrigado. Na verdade, segue numa ascendência empolgante. Lá em agosto, Marcelo Gomes e Karin Ainouz brilharam em Veneza com “Viajo porque Preciso, Volto porque te Amo”, e levaram prêmio, há duas semanas, em Sta. Maria da Feira (PT) e em Havana.

Já a Símio Filmes lançou quatro petardos: “A Balsa”, de Marcelo Pedroso, e “Um Lugar ao Sol”, de Gabriel Mascaro estrearam no Brasil na 1° edição da Semana dos Realizadores – mostra carioca inspirada na Quinzena dos Realizadores. Pedroso lançou, no 2° Janela Internacional de Cinema do Recife seu “Pacific” ao lado do novo Daniel Bandeira, “Tchau e Benção”. A mesma Símio deve lançar em 2010, “Mens Sana in Corpore Sano”, de Juliano Dornelles.

Em agosto, Daniel Aragão esteve em Gramado com “Não me Deixe em Casa”. Aí chegou novembro, e Brasília virou Recife. Foi uma edição histórica a deste 42° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. De 12 curtas-metragens em competição, 1/3 era pernambucano. Resultado: dez prêmios para três destes filmes. “Azul”, de Eric Laurence; “Faço de Mim o Que Quero”, de Sérgio Oliveira e Petrônio Lorena; “Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos”; e “Recife Frio”, de Kleber Mendonça, também premiado em Portugual e já convidado para concorrer em Roterdã (fevereiro de 2010).

Kleber ainda comemora o prêmio de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura, para fazer seu primeiro longa de ficção: “O Som ao Redor”. Outra produção de fôlego iniciada em 2009 foi “História de Um Valente”, sob o comando de Cláudio Barroso.

Lírio Ferreira também já iniciou os trabalhos para a nova ficção “Sangue Azul”, com locações em Fernando de Noronha, assim como Paulo Caldas e seu “Amor Sujo”. Em breve Cláudio Assis deve rodar “Febre do Rato”, e Daniel Bandeira já procura locações para seu segundo longa, “Propriedade Privada”. Em resumo, 2010 já entra bem para o nosso cinema. O Cine São Luiz também deve voltar a vida, segundo o Governo do Estado, na próxima segunda-feira (28).

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Os mais vistos em 2009 (até 6 de dezembro 2009)*

1 – A Era do Gelo 3 – 9.279.200 espectadores
2 – Se Eu Fosse Você 2 – 6.093.200 espectadores
3 – Harry Potter 6 – 4.527.600 espectadores
4 – Lua Nova – 4.153.000 espectadores
5 – 2012 – 3.879.500 espectadores

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