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Críticas

Desenrola

Hormônios adolescentes em ebulição

Por Luiz Joaquim | 14.01.2010 (quinta-feira)

Dentro da produção nacional, 2010 teve uma curiosa congruência de longas-metragens focando o universo juvenil, particularmente o adolescente. Em particular, três filmes circularam em festivais com certo destaque e agora dois deles estreiam nos cinemas do Recife. Um é “Antes que O Mundo Acabe”, primeiro longa da gaúcha Ana Luiza Azevedo (já exibindo na Sessão de Arte da UCI/Ribeiro) e o outro, “Desenrola”, de Rosabe Svartman (do bobo “Como Ser Solteiro” 1998) entra agora em cartaz no circuito local. O terceiro, de Lais Bodanzky, “As Melhores Coisas do Mundo”, teve lançamento nacional em 2010 mesmo.

Sobre “Desenrola”, dentro dessa tríade, parece ser o mais frágil. Com uma abertura apresentando seus personagem num modo que mais distrái que atrai. Importante anunciar logo que “Desenrola” está menos preocupado com a construção de romances entre os colegiais, sendo a premissa primeira a preocupação com a perda da virgindade da ‘galera’ por volta dos 15, 16 anos de idade.

Apesar de coalhado de lindos e juvenis (bons) atores, todos carioquíssimos – no que essa qualificação possa significar que positiva ou negativa -, “Desenrola” acompanha mesmo é o ‘drama’ de Priscila (Olívia Torres) que planeja ter a primeira transa com o surfista mais velho Caco (Kayky Brito), enquanto sofre cantadas do atrapalhado e gordinho Boca (Lucas Salles).

Com uma extenuante trilha sonora alternando entre o pop rock dos anos 1980, que Priscila descobre ao catar o velho walkman da mãe (Claudia Ohana), e um pop rock (ruim) dos anos 2000, o filme de início cansa por, ao invés de garotos e garotas pensantes, mostrar estereótipos de adolescentes cuja vida inteira orbita em torno do sexo.

No desenvolvimento do filme, porém, Boca vai crescendo exatamente por ser o personagem mais elaborado, pois passa por uma transformação da qual nem ele se apercebe. De garoto desacreditado com as meninas, que gasta muito tempo no banheiro com revista pornográfica, ele aprende que para conquistar uma mulher de verdade, é importante ir além de uma boa performance na cama.

Na segunda metade do filme enquanto vamos acompanhando esse ‘aprendizado’ do garoto, e sob a sedução performática de Salles com a boa presença na tela de Torres, Svartman consegue conquistar o espectador e tornar a trama mais crível, e por isso mesmo (nesse caso) mais atraente.

É possível que “Desenrola” possa funcionar bem nos multiplex. Quando competiu no 3o. Festival de Paulínia, em julho, tive um bom exemplo com a reação da espectadora Bia, 14 anos, na platéia que logo declarou sobre o longa de Svartman. Bia vaticinou: “Gostei, mas não que Priscila tenha ficado com o Caco”.
cotação: regular

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