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Críticas

Diário de Sintra

A viagem pessoal de Gaitán

Por Luiz Joaquim | 05.02.2010 (sexta-feira)

A divulgação de “Diário de Sintra” (Brasil, 2008), filme de Paula Gaitán que estreia hoje no Cinema da Fundação, vende o filme como o retorno dessa mulher àquela região portuguesa, 26 anos após ele ter vivido lá em exílio com Glauber Rocha (1938-1981), seu companheiro e pai de seus filhos, Ava e Eryk. Em termos concretos, esse é o ponto de partida de “Diário de Sintra”, mas não traduz o filme em si.

Àqueles que esperam encontrar um filme pautado pelo formalismo do documentário tradicional, pode esquecer de ir ao cine, pois o trabalho dessa cineasta, com formação em artes plásticas, quer mais é explorar os sentidos derivados dessa memória que ela confronta no retorno à cidade. E também em que medida esse resultado recria uma nova realidade.

Com a forte presença de fotografias do próprio Glauber como elemento cênico, interagindo com a terra, a água e o ar, “Diário de Sintra” parece dizer que aquela Sintra de 1981, com Glauber, não existe mais, ou apenas existe, mas de maneira indefinida na memória dos que ali ainda vivem. Por exemplo, é quase divertido quando a diretora mostra fotos de Glauber às senhoras de Portugal que o confundem com um ator lusitano de novelas da TV.

A Sintra do passado ficou apenas nas imagens esmaecidas em Super-8 que Paula intercala com recentes imagens em Super-8 e digital feitas em sua visita recente. É esse lugar na memória que impulsionou a realizadora, mas não é lá que ela (e nós) necessariamente irá chegar.

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