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Reportagens

Três continentes, uma voz

Projeto Lingua Mãe

Por Luiz Joaquim | 23.02.2010 (terça-feira)

Começa a tomar corpo, hoje, um projeto que nasceu em Pernambuco e vai unir crianças da África, Europa e América num grande espetáculo musical e audiovisual sob a coordenação da produtora D7 Filmes. Pela batuta de Naná Vasconcelos e pela perspectiva cinematográfica de Leo Falcão e Fernando Weller, o projeto “Lingua Mãe” vai não só agrupar crianças entre 7 e 10 anos de idade a partir de oficinas musicais realizadas em Porto (Portugual), Luanda (Angola), e Brasília, como também promoverá um concerto com todas elas dia 20 de abril na Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasilia. A apresentação acontece um dia antes do aniversário de 50 anos da Capital Federal, que contará com disputadas celebrações ao longo de 2010.

Em seu sétimo ano de atividades, a D7 Filmes é bastante reconhecida na área do audiovisual pernambucano como parceira em produções cinematográficas, sendo várias premiadas. Esta semana mesmo, o longa-metragem “Eles Voltam” em filmagem, de Marcelo Lordello, conta com a co-produção da D7. Mas, pelo aspecto vultoso do “Lingua Mãe”, que prevê articulação em três países, terá agora uma oportunidade internacional de mostrar sua força.

Embarcam hoje para a cidade do Porto a pequena equipe de três técnicos – o fotógrafo Beto Martins, o técnico em som Nicolas Hallet (ambos premiados no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro) e o assistente Carlinhos Borges – onde encontram o produtor Marinho Andrade e Naná, e ficam por 12 dias reunidos com cerca de 30 crianças.

De lá, partem para Luanda e, depois de 12 dias repetindo o processo com crianças angolanas, voltam ao Brasil para iniciar as aulas com as crianças brasilienses. Após dez dias no Recife, o destino será novamente a Capital Federal para preparar o ensaio do grande concerto, desta vez com as crianças dos três continentes reunidas, somando um coral com cerca de 100 vozes. Elas participam acompanhadas pela orquestra sinfônica do Teatro Cláudio Santoro, sob a regência de Gil Jardim.

“A logística para trazer estas crianças ao Brasil”, conta o produtor Alexandre Nogueira, “não será fácil. Para cada três delas, queremos ter um adulto responsável acompanhando-as”. Para articular a seleção na África e Portugal, a D7 promoveu parcerias com as produtoras estrangeiras, respectivamente, Patrícia Abreu e Marta Lima. Por Patrícia, a D7 chegou às crianças da Escola Pertencente à Igreja Metodista de Bethel (em Luanda); e por Marta, aos selecionados da Escola de Música Tuna de Perosinho (no Porto).

A idéia do “Lingua Mãe”, diz Nogueira, já vem sendo desenvolvida há quase dois anos quando Marinho Andrade via no projeto “ABC Musical”, de Naná – já realizado há anos com alunos das redes públicas de ensino – algo que poderia ganhar uma dimensão internacional. “Mais que congregar países da lingua portuguesa, o projeto vai aproximar esses povos pela linguagem universal da música”, diz Nogueira.

Ao todo, o “Lingua Mãe” divide-se em quatro produtos culturais. Além das três oficinas, que vão resultar no concerto, a D7 lançará um DVD deste espetáculo (dirigido por Falcão) e um documentário (co-direção de Falcão e Weller) mostrando todo o processo de realização, desde a gênese do projeto.

“O plano é ter um documentário de 52 minutos para daí veicular em canais fechados de TV, como o Discovery e afins, mas estamos atentos para a possibilidade disso tornar-se um longa-metragem, uma vez que, certamente, teremos um farto material captado nos três continentes”, adianta Nogueira.

Pelo aspecto grandioso, que extrapola a esfera da criação audiovisual, a D7 inscreveu o “Lingua Mãe” na Lei Rouanet, e já angariou, de cara, a simpatia da Petrobrás, que entra com 50% do valor do projeto. “Ainda em 2009, tivemos outros dois grandes investidores interessados em participar, mas a negociação acabou não sendo concretizada”, conta Nogueira, entendendo o interesse apenas como mais um sinal da boa aceitação que o projeto ainda irá angariar até sua finalização, definido para julho quando o documentário deve ter seu corte final.

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