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Críticas

O Livro de Eli

A palavra como uma arma do mal

Por Luiz Joaquim | 19.03.2010 (sexta-feira)

A premissa de “O Livro de Eli” (The Book of Eli, EUA, 2010), dirigido pelos irmãos Hughes (de “Do Inferno”) é interessante. Mas só a premissa, pois é um filme cansado em seu cenário apocalíptico e recheio de clichês (história vem de um quadrinho?). O mundo acabou há 30 verões. Houve um “clarão que veio do céu” e o sol queimou a tudo e a todos. Não há eletricidade e água potável é o bem mais caro. Alguns que vivem no que sobrou do mundo se matam e comem os mortos. Outros ainda mantém a decência de não comer carne humana.

Nessa atmosfera árida, onde todos usam óculos escuros, Denzel Washington é um andarilho que caminha até o oeste sem revelar a razão. Em seu caminho ele encontra vários bárbaros e essa é a oportunidade para sabermos que ele é um exímio lutador. Ao menos no padrão de coreografia de luta hollywoodiana.

O vilão mor é vivido por Gary Oldman. Como uma espécie de administrador num vilarejo de analfabetos (onde todos lhe obedecem por medo), ele lê vorazmente e alimenta o desejo de encontrar um livro que lhe dará mais poder sobre as pessoas. “Não é um livro. É uma arma! E já foi usada assim também”, explica a um de seus escravos.

Acontece que Eli (Washington) carrega este livro desde o “clarão” ter acontecido, e com a graça de encontrá-lo, sabia que tinha de levá-lo ao oeste, mesmo sem saber o porquê. A certa altura, sabemos que Eli é religioso – apesar de decepar mãos e esmagar cabeças como quem palita os dentes. É a dica sobre qual livro estamos falando.

Como já disse, é uma premissa interessante, a de ser, no apocalipse, a busca do livro sagrado como o maior tesouro feito pelo homem. O recado na surpresa ao final deixa explícito a mensagem que Eli vem dizendo por todo o filme: a Bíblia não serve para quem não sabe lê-la. Atenção para a participação bacana de Tom Waits e Jennifer Beals (“Flashdance”), além da trilha envolvente de Atticus e Leopold Rossi e Claudia Sarne.

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