Entrevista: Heitor Dhalia (12 Horas)
Heitor: Estava ali para cumprir um papel
Por Luiz Joaquim | 16.04.2012 (segunda-feira)
Se considerarmos que há oito anos o cineasta pernambucano Heitor Dhalia, 42 anos, (de “O Cheiro do Ralo”) mal sabia falar inglês e que esta semana estreou no Brasil seu primeiro filme feito em Hollywood com uma estrela em ascensão – Amanda Seyfried (de “Mamma Mia”) -, é relevante dizer que sua carreira segue veloz e para cima. Na entrevista abaixo, Heitor fala da experiência – aprendizado e limitações criativas – de rodar um filme em Los Angeles, e também de seu novo projeto “Serra Pelada”, que chama de épico, a ser estrelado por Wagner Moura. Veja os detalhes.
Como surgiu a oportunidade de dirigir “12 horas”?
Tudo começou em 2004, quando “Nina” ganhou exibição no Festival de Los Angeles e fui contatado por dois agentes. O problema é que eu falava quase nada de inglês e a conversa não avançou. Por conta disso comecei a me preparar, fazendo aulas diárias. Quando o meu longa “À Deriva” passou por Cannes, em 2009, tive outra oportunidade com executivos de Los Angeles. Os contatos continuaram, alguns projetos foram não foram em frente até chegar no “12 Horas”. Mas não foi nada fácil, para pegar o filme houve uma concorrência entre 16 diretores .
Este foi o primeiro filme que dirigiu cujo roteiro não era de sua autoria, certo? Que tipo de restrições havia no sentido de você não interferir no roteiro? Em outras palavras, o quanto tinha de liberdade para interferir ali?
Nenhuma liberdade para mexer no roteiro. Estava ali para cumprir um papel, e foi o que aconteceu. Mas foi boa a experiência com a indústria cinematográfica norte-americana, que tem uma escala completamente diferente da nossa.
Que possibilidades criativas te atraíram no roteiro de “12 Horas”?
Nunca tinha feito um filme de gênero. Além disso, tinha o objetivo de filmar nos EUA e conhecer os processos deles, foi o que me impulsionou. A questão maior e a falta de controle criativo.
Como percebeu o processo para dialogar-orientar os atores americanos? Ou seja, o quão diferente foi à experiência deste trabalho para seus outros anteriores, com atores brasileiros?
Não tive muito espaço para escolher ou trabalhar com atores. Muitos deles conheci no set. Todas as conversas com a protagonista Amanda Seyfried, por exemplo, eram acompanhas pelo produtor do filme. O que ajudou é que ela é uma querida. Gosto de atores sempre encontro uma conexão rapidamente.
O que apontaria de positivo (aprendizado) no quesito técnico-profissional, neste processo de filmar em Los Angeles?
A indústria americana é tecnicamente muito forte, eles têm know how de produção como nenhum outro lugar. Por exemplo, o trabalho dos dubles é incrível, a organização das equipes, etc.
Ouvi dizer que seu próximo projeto (no Brasil, certo?) será grandioso. O que pode adiantar aos nossos leitores a respeito?
Sim, um épico que contará a corrida do garimpo no País, algo inédito no cinema. No momento, estou totalmente envolvido no projeto do Serra Pelada, que será estrelado pelo Wagner Moura. Começamos a rodar em julho e a previsão de estreia é o primeiro semestre de 2013. A produção é da Paranoid Filmes, produtora que sou sócio, e da Warner Bros. Pictures, sendo essa última também responsável pela distribuição do filme no Brasil.
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