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Clássicos

Revisão de um clássico rodrigueano

Noronha: Me chama de contínuo !

Por Luiz Joaquim | 24.08.2012 (sexta-feira)

No mês em que as atenções se voltam ao dramaturgo Nelson Rodrigues, por conta do centenário de seu nascimento, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco exibe – em projeção por DVD – o filme “Os 7 Gatinhos”, dirigido por Neville D Almeida, que foi lançado no ano da morte do escritor (1980). A sessão de hoje, às 19h50, é gratuita (com acesso conforme capacidade da sala) e será seguida por uma conversa com o diretor do filme, que também fez outras adaptações da obra de Nelson. A produção do programa é uma ação da Prefeitura do Recife, dentro do evento “100 Nelson Pensamento Imagem Cena”, realizado pela Gerência Operacional de Audiovisual do Recife.

A sessão de “Os 7 Gatinhos” de hoje é parte integrante de atividades comemorativas que tiveram início ontem com uma mesa-redonda sobre as adaptações da obra do autor para o cinema e TV. O bate-papo aconteceu com Neville, Celso Marconi (cineasta e pesquisador), Fernando Monteiro (poeta e cineasta) e Vavá Schön-Paulino (ator que já encenou várias peças de Nelson Rodrigues).

Lembrado como uma das mais anárquicas (e divertidas) adaptações de Rodrigues para o cinema, “Os 7 Gatinhos” do título diz respeito a morte de uma gara prenha na escola de Silene (Cristina Aché), uma das cinco filhas de seu Noronha (Lima Duarte, impecável) com Aracy, a Gorda (Telma Reston, premiada em Gramado pela sua performance aqui). Em Grajú, no Rio de Janeiro, o casal cuida das outras quatro filhas do casal – Débora (Sônia Dias), Arlete (Regian Casé), Aurora (Ana Maria Magalhães) e Hilda (Sura Berditchevsky) – todas prostitutas.

Enquanto se divide com seu trabalho como contínuo na Câmara dos Deputados, onde serve cafezinho, Noronha faz vistas grossas para a vida das filhas. Mas o caso muda quando se trata do futuro de Silene que, aos 15 anos, é sua única filha pura que ele guarda para o casamento.

As coisas mudam, entretanto, quando Silene é expulsa da escola e aparece grávida. Repleto de expressões que se tornaram clássicas do universo rodrigueano, como “o ladrão boliviano!” em “Toda Nudez Será Castigada”, ou “O mineiro só é solidário no câncer” em “Bonitinha mas Ordinária”, aqui em “Os 7 Gatinhos” uma das mais marcantes é “Me chama de contínuo!”, dita por Noronha. Um filme para ver e rever, e hoje com a rara presença de seu realizador.

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