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Entrevistas

Entrevista: equipe de Faroeste Caboclo

Fomos fiéis, mas não queríamos um videoclipe

Por Luiz Joaquim | 30.05.2013 (quinta-feira)

Na tarde de terça-feira (28-05), após a sessão para a imprensa de “Faroeste Caboclo”, a dedicada campanha de divulgação da produção trouxe a Pernambuco o diretor René Sampaio, o produtor Marcello Maia, e os atores Fabrício Boliveira e Antônio Caloni para um bate-papo.

As primeiras observações de Marcello lembravam o quanto o roteiro foi elaborado e reelaborado até o corte final. “Todos falam que a letra da música é um roteiro pronto, mas não é. Há nuances que o roteiro precisou encontrar, e o grande desafio era esse. Esse roteiro foi se adequando e ele ficou muito maior do que tínhamos do ponto de partida”, recordou.

Ainda sobre o roteiro, René revelou que o trabalho tinha como foco o duelo final, e tudo foi pensado de traz para frente. “A gente tinha de chegar até ali, e pensávamos na melhor maneira de fazer isso. Mas a gente procurou ser fiel ao espírito da letra. Música e filme são obras com linguagem muito diferentes, mas a gente pemaneceu como a crítica social, a história de amor, e os ícones do faroeste. Só não queríamos uma adaptação literal, não queríamos um videoclipe”, ressaltou o diretor.

Do ponto de vista da produção, outro desafio, disse Marcello, foi reconstruir cidades-satélites de Brasília, como a Ceilândia, hoje completamente desfiguradas do que eram nos anos 1980. Sobre essa importância do cenário também como um personagem do filme, René lembra que quando viu “Amarelo Manga”, de Cláudio Assis, viu pela primeira vez um Recife diferente do que conhecia dos cartões-postais. “Sem querer comparar um filme a outro, são bem diferentes, talvez o nosso ofereça uma nova experiência para quem já conhece Brasília”.

Em cartaz em 400 salas de cinema no Brasil, “Faroeste…” é o primeiro longa-metragem em que Boliveira protagoniza. Antes, teve experiências mais discretas em “A Máquina” (2005), de João Falcão, e “400 Contra 1” (2009) de Caco Souza. “Como protagonista você carrega outras obrigações com a equipe, com o lado emocional dos outros atores, vocâ acaba dando o tom também, já que todos passam por você”, disse ao ator que também protagonizou na telesérie “Subúrbia” (2012), de Luiz Fernando Carvalho.

Para Calloni, viver o policial violento e irônico que caça e tortura João – e não está descrito na música – foi bastante tranquilo. “Tive uma grande liberdade, pois não tinha um compromisso direto ligado à música, muito embora a música esteja impregnada em tudo aqui e a gente, por esta história, pode discutir corrupção, preconceito e violência”, lembrou.

A respeito da violência que encenam, tanto Caloni quanto Fabrício explicam que nada que é humano lhes é estranho. “Eu e você, todos nós, temos isso dentro da gente. Isso não é privilégio de alguns. Isto está no ser-humano. Então, eu sou capaz de sentir ódio, fazer crueldade, mas o que a gente faz na vida é escolher as coisas boas que estão dentro da gente para viver melhor”, reflete Caloni.

Para Fabrício, “nós atores, nos vemos como um bambu oco no qual as energias passam dentro, e a gente se vê nela. E como seres-humanos a gente carrega essa energia. Ela tá lá em algum lugar. Poder expurgar essa violência interpretando é uma benção e é ao mesmo tempo muito forte para qualquer ator”, concluiu.

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