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Críticas

E Se Fosse Verdade

Para sonhar acordado. Uma reverência ao amor através da morte

Por Luiz Joaquim | 30.08.2022 (terça-feira)

– crítica originalmente publicada no jornal Folha de Pernambuco em 23 de dezembro de 2005

Quando cria suas histórias de amor, a predileção temática do cinema parece estar nas dificuldades inerentes a união de um casal. E quanto maior essa dificuldade, mais interessante e envolvente essa história se apresenta. É por essa lógica quase matemática que “E Se Fosse Verdade” (Just Like Heaven, EUA, 2005) se desenvolve.

Mas, como cinema não é matemática, ou melhor: como seu efeito sentimental em cada espectador não pode ser traduzido em termos numéricos, este novo filme de Mark Waters (mesmo diretor do ótimo “Meninas Malvadas”) funciona não só pelo emprego da lógica mencionada acima. O que faz funcionar em outro nível além do óbvio em “E Se Fosse Verdade” é a aplicação do humor (sem ser desrespeitosa) sobre uma situação tradicionalmente triste: a morte.

Ritmo narrativo, um casal de protagonistas talentoso e afinado, e uma boa trilha incidental (recheadas com tons pop de hoje e de ontem) fazem do filme um produto de comprometimento nível ‘A’ com o coração e nível ‘B’ com a razão. Portanto, ao entrar na sala para ver “E Se Fosse Verdade” é preciso deixar ceticismos e amarguras de lado, ou a leitura do que se vê poderá ser distorcida e os 95 minutos do filme deixarão de ser vistos como um sonho bonito.

O casal em questão é Elizabeth (Reese Witherspoon, de “Legalmente Loira“) e David (Mark Ruffalo, de “Brilho Eterno de Um Mente sem Lembrança“). Ela é um médica que trabalha 26 horas por dia para conseguir ser efetivada num hospital de São Francisco. Ele, um paisagista anti-social que cultiva uma depressão há dois anos pela morte da esposa. O que une os dois é um acidente de automóvel e uma apartamento. Dizer mais pode estragar as boas surpresas do filme.

O humor inusitado de “E Se Fosse Verdade” é seu grande trunfo. E é um trunfo exatamente pela boa dosagem. Por não se colocar num plano mais alto que a dor dos personagens, mas apenas ‘acariciar’ essa dor e deixar no público a sensação de que nem tudo está sob nosso controle. E isso é muito bom.

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