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Festivais

39o Mostra SP (2015) – em breve

Breve, num cinema (talvez) perto de você

Por Luiz Joaquim | 01.11.2015 (domingo)

SAO PAULO (SP) – Tradicional em atualizar com bastante antecedência o espectador brasileiro com filmes que irão virar notícia e serão extensamente comentados no País nos próximos 12 meses, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nesta 39a edição, oferece não apenas os “medalhões” com “pedigree” de grandes festivais, mas também obras que ainda não foram celebradas pela critica e merecem muita atenção pela sua excelência. O CinemaEscrito destaca algumas destas obras que o leitor não perde se esperar para vê-los numa sala de cinema.

Son of Saul
Dirigido pelo húngaro Lászlo Nemes, “Son of Saul” levou o prêmio da critica e o Grande Prêmio do Júri oficial em Cannes. Em outras palavras, o júri ficou dividido entre este e o francês “Dheepan” (que levou a Palma de Ouro). De fato, o filme de Nemes é uma pancada estética e emotiva, com a câmera colada 80% do filme inteiro no rosto ou nos ombros de um prisioneiro num campo de concentração nazista cujo trabalho é tirar os corpos das câmeras de gás e depois limpar o ambiente. Todo o horror que o circunda nos chega pelos sons ou do que conseguimos perceber desfocados por trás dele. Nesse inferno, ele tem um único desejo. Enterrar uma criança. É o filme da Hungria indicado ao Oscar, e já falam que “Son of Saul” pode até mesmo concorrer como melhor filme, disputando contra os americanos. A Sony detém os direitos de exibição no Brasil, mas já anunciou que não pretende lançá-lo nos cinemas, apenas em home-video. Tudo pode mudar, porém, com uma indicação ao Oscar.

Hera
Vem da Turquia (e sem o respaldo de nenhum grande festival) esse primor de thriller que acontece inteiramente num colossal navio cargueiro. Atualizado com a atual crise grega, vemos no enredo a embarcação ser obrigada a não aporta naquele país e toda sua tripulação desembarcar, exceto por seis pessoas. O capitão, um contra-mestre, dois marinhos, um outro da casa de máquinas e um cozinheiro. A legislação marítima os obriga a cuidar do navio até a crise ser estabilizada. Com o passar de meses, eles vão perdendo contato com a civilização e começam a enlouquecer aos poucos. E o espectador vai junto, com direito a visões fantasmagóricas e com um situação (linda) típica do realismo fantástico. Dirigido por Tolga Karaçelike (que também atua), o filme ainda não tem distribuição no Brasil.

Chronic
Outro premiado em Cannes (melhor roteiro), este filme rodado na Inglaterra é o terceiro longa-metragem dirigido pelo jovem mexicano Michel Franco, cujo sucesso anterior, “Depois de Lucía”, chamou a atenção do mundo. Franco novamente conta a história de um homem silencioso. Ele é David (Tim Roth), um dedicado enfermeiro particular de doentes terminais. David não é apenas bom no que faz, ele desenvolve um enorme carinho pelos pacientes. É apenas com migalhas de gradativas informações sobre sua vida pessoa que o roteiro de Franco vai nos deixando saber aos poucos o que está por trás de tanto carinho. Seu desfecho provoca um desequilíbrio sadio no espectador.

Para o Outro Lado
O diretor chama-se Kurosawa. Kiyoshi Kurosawa. Que peso esse cineasta japonês carrega no sobrenome. Mas ele, que não é parente de Akira, não fez feio e levou o prêmio do júri com este “Kishibe no Tabi” (titulo original) na mostra “Um Certo Olhar”, em Cannes. Com uma trilha sonora que remete a grandes épicos, embora o filme seja intimista (e esse contraste funciona aqui), o que predomina é a delicadeza nas relações humanas e a memória dos que já se foram. No filme, mortos e vivos não possuem diferença, ao menos por um certo período. E o enredo acompanha a volta do marido morto há três anos de um mulher. Ele a leva para conhecer os amigos que fez nesse período e vivem perdido como ele pela saudade dos que já se foram. “Para o Outro Lado” tem potencial de grande sucesso no Brasil e a Califórnia Filmes irá distribuí-lo (ainda sem data).

Desde Allá
Este que foi o melhor filme no Festival de Veneza 2015 veio da Venezuela. É o primeiro longa-metragem de Lorenzo Vigas. Nele conhecemos um bem sucedido homem de meia idade que paga a jovens deliquentes para irem até sua casa. Lá, ele apenas os observa enquanto se excita. Ao conhecer o violento Elder, um relação nova inicia sem que o homem consiga se desligar dele. A direção de Lorenzo é precisa, econômica e torna “Desde Allá” em algo mais sofisticado do que apenas uma atração homossexual. Ecos edipianos rondam a história. Ambos personagens têm problemas com seus respectivos pais, ao mesmo tempo que se sentem sexualmente atraídos um pelo outro. Complexo. Não há distribuição garantida no Brasil.

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