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Festivais

40. Mostra de SP (2016) – dia 5

“A luta do século” mostra com elegância, pelos bastidores, como 2 adversários podem ajudar um ao outro.

Por Luiz Joaquim | 24.10.2016 (segunda-feira)

SAO PAULO (SP) – Mas que lindo o que a dupla de baianos Sérgio Machado, como diretor, e Lázaro Ramos, como produtor, fizeram com a história de vida dos pugilistas Luciano Todo-Duro, de Pernambuco, e Reginaldo Holyfield, da Bahia, com esse A luta do século.

Já contemplado com o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio no último 16 de outubro, o filmeque tem Breno César na co-direção de fotografia e Neco Tabosa na co-assistência de direção – A luta do século teve sua primeira exibição aqui na 40a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na tarde de ontem (23) com a presença dos dois cinebiografados.

Quem conhece um pouco da rivalidade dentro e fora dos ringues entre os boxeadores nordestinos sabe que essa é também uma história humorada. Daí a apresentação na tarde de ontem ser de expectativas, não só pelo humor, mas pela também pela tensão.

“A coisa já começou complicada na chegada deles aqui”, comentou uma das produtora do filme. “No aeroporto, a produção da Mostra queria colocar os dois no mesmo carro. O pessoal não tava entendendo (risos). Isso seria impossível”.

Já Lázaro Ramos falou de sua felicidade em poder mostrar os bastidores da vida dessas duas figuras emblemáticas do esporte do Brasil. “Li um texto de um critico dizendo que faltou apenas o filme mostrar como eles são quando a câmera estava desligada. Eu quero dizer que eles são exatamente do mesmo jeito quando a câmera estava ligada”, frisou o ator.

A luta do século toma seus primeiros 20 ou 30 minutos apenas com imagens de arquivos, com uma narração em off pontuando a trajetória da vida, e de ascensão e, ainda, decadência profissional dos atletas do boxe. A propósito, a imagem de abertura no doc. é a mais simbólica de todas (e a mais conhecida), na qual os dois trocaram sopapos numa entrevista de 2001 num estúdio da tevê Globo para o programa Bom dia, Pernambuco, ao vivo, quando sobrou pancada, inclusive, para o jornalista esportivo Rembrandt Jr.

 

Chama a atenção o volume de material de arquivo e a boa pontuação da montagem de Helio Vilela e Quito Ribeiro para condensar um conflito que iniciou em 1993 e segue ainda hoje. A rivalidade começou naquele ano quando Todo Duro venceu Holyfield por pontos no Geraldão, Recife. Em 1997 e 1998, Holy venceu o pernambucano no Balbininho, Salvador, com dois nocautes. A revanche aconteceu em 2001 e 2002, por nocautes dados por Todo Duro. Em 2004 nova luta; vencida por pontos pelo baiano.

Durante a concepção do documentário surgiu a agenda de mais uma luta – acontecida no Geraldão em 2015. Devidamente registrada pelo filme, o que vemos então, os preparativos dos dois atletas para este último confronto, e o confronto em si, acabaram dando o verniz que era necessário para o documentário ganhar a energia da tensão e tradicional expectativa pela vitória, próprios dos enredos nas lutas de boxe.

Ademais, A luta do século deixa claro que a vida sofrida e submetida ao teatro por trás das atuais embates que ainda hoje acontecem fora e dentro do ringue – há uma nova luta revanche a acontecer no final de 2016, na Bahia -, Holyfield (que antes trabalhava como estivador) e Todo Duro (antes um jardineiro analfabeto) são gratos pelo que reconhecimento que conquistaram através do esporte.

Bacana mesmo é que o filme traga mais fama para estes dois vencedores, num outro ambiente, o da arte, e sem que eles precisem levar pancada na cabeça já a essa altura de suas vidas.

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Na foto de Mário Miranda/Agiencia Foto, Todo Duro (à esquerda) provoca Holyfield, enquanto este fala ao microfone com a plateia do Itaú Frei Caneca (SP).

FINLÂNDIA – No mesmo dia em que a Mostra de SP apresentou aos paulistas A luta do século, projetou também o finlandês O dia mais feliz da vida de Olli Maki (hymyileva mies). Elogiado pela crítica, o filme de Juho Kuosmanen foi o vencedor da mostra Un certain regard em Cannes, neste 2016.

Conta a história do pugilista Olli Maki, que em 1962 teve a chance de lutar pelo titulo mundial do peso-pena no boxe. A expectativa era imensa e o atleta precisava perder peso ao mesmo tempo em que administrava uma questão amorosa pessoal. De um modo geral, os comentários em torno de O dia mais feliz da vida de Olli Maki são de que nunca se viu um filme de boxe como este.

– Viagem a convite da Mostra

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