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Festivais

Curtas selecionados do Tiradentes 2019.

Força de autoafirmação diante às crises políticas e sociais no Brasil está presente nos 78 títulos.

Por Delles Sassi | 20.12.2018 (quinta-feira)

– Com informações da assessoria de imprensa da 22° Mostra de Cinema de Tiradentes. (Na capa: still de Reforma de Fábio Leal).

13 estados do país serão representados por 78 produções de curta-metragem na 22° edição da festa do cinema em Tiradentes, a ser realizada entre os dias 18 e 26 de janeiro.

A tríplice de curadores que selecionou os 78 títulos a serem distribuídos nas 10 seções que contemplam a grade de programação – Foco, Panorama, Corpos Adiante, Formação, Jovem, Regional, Praça, Valores, Foco Minas e Mostrinha -, destaca que a força da autoafirmação como resposta às crises políticas e sociais no Brasil contemporâneo está fortemente presente nas peças audiovisuais escolhidas.

O que reafirma a historicidade dos curtas-metragens como espaço de ousadias, experimentações e reflexão das efervescências políticas e sociais de um tempo e que segue como uma das presenças de honra na programação da Mostra de Cinema de Tiradentes.

Para Pedro Maciel, um dos curadores de curtas da Mostra de Tiradentes, os filmes desta edição estão marcados por reações de cineastas ou personagens a acontecimentos recentes da política brasileira. “É possível detectar certo estado de coisas a partir de dois aspectos. De um lado, uma total letargia dos protagonistas a partir do que vem acontecendo no Brasil, num misto de lamúria, lamentação, ensimesmamento, depressão e de uma vontade de compartilhar afetos. São filmes sobre juventudes perdidas, discussão de rumos e de enclausuramento em seus espaços”, aponta Pedro. “Por outro lado, muitos trabalhos se fixam na necessidade de autoafirmação, especialmente pela etnia ou pela identidade de gênero, criando formas de se expressar diante da violência que determinados grupos vivenciam”.

A curadora Tatiana Carvalho Costa também destaca o conjunto de filmes selecionados que apresentam multiplicidade de olhares para uma diversidade de sujeitos, reverberando o que se tem visto sobretudo na última década no país. “Sujeitos historicamente silenciados tomam para si não só a palavra, mas a forma de enunciação, em gestos corajosos e potentes de elaborações narrativas”, diz ela. “Destaco, no conjunto, os filmes dirigidos por pessoas trans/travestis e pessoas negras. Seja por meio da ressignificação de elementos clássicos da narrativa cinematográfica ou pela proposta de dispositivos quase disruptivos, os filmes realizados por estas pessoas nos fazem questionar o próprio fazer cinematográfico, suas codificações e lógicas de privilégios, propondo uma ampliação no horizonte do ver e do se fazer ver e ouvir”.

A Mostra pela primeira vez submeteu os inscritos (806 inscritos no total) a um questionário para coleta de informações gerais, que dessem alguma noção do panorama de realizadores que se apresenta para exibir seus filmes em festivais. O resultado dos dados foram: 63 mulheres negras creditadas na direção de filmes inscritos, 43 destes exclusivamente dirigidos por elas, enquanto os outros 20 coassinados por diretor homem, em relação a identidade sexual 3 se declararam lésbicas. Em contraponto, 118 diretores negros foram inscritos, sendo 86 deles assinando exclusivamente seus respectivos trabalhos. Dentre os selecionados, os dados de gênero e identidade sexual, são 32 homens cis, 19 mulheres cis, 1 mulher trans, 1 homem trans,  1 travesti, 1 pessoa não binária, 1 pessoa de gênero não definido e 34 que preferiram não declarar.

Os filmes vêm de Minas Gerais (21), São Paulo (17), Rio de Janeiro (9), Bahia (6), Goiás (5), Pernambuco (5), Ceará (3), Paraná (3), Distrito Federal (2), Paraíba (2), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (1), Amazonas (1) e Mato Grosso (1).
A maioria dos títulos já consolidam certa trajetória em outros festivais, como o caso das produções vinda de Pernambuco que passaram tanto pelas mostras do estado como em outros, destacando-se pela conquista de prêmios.

Confira a relação dos curtas-metragens selecionados e as respectivas sessões para exibição na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes:

 • MOSTRA FOCO

O bando sagrado de Breno Baptista (CE)

Onze minutos de Hilda Lopes Pontes (BA)

Tea for Two de Julia Katharine (SP)

Um ensaio sobre a ausência de David Aynan (BA)

Ainda ontem de Jessica Candal (PR)

Caetana de Caio Bernardo (PB)

Estado de neblina de Bruno Ramos (SP)

Malandro de ouro de Flávio C. Von Sperling (MG)

A ética das hienas de Rodolpho De Barros (PB)

Antes de ontem de Caio Franco (SP)

Negrum3 de Diego Paulino (SP)

Tempestade de Fellipe Fernandes (PE)

MOSTRA PANORAMA

Eu não vou ao enterro de painho de Leandro Lopes (BA)

Reforma de Fábio Leal (PE)

Guaxuma de Nara Normande (PE)

Verde Limão de Henrique Arruda (RN)

Náufraga de Juh Almeida (BA)

Aulas que matei de Amanda Devulsky E Pedro B. Garcia (DF)

Insipiente de Jean Santos (PE)

Princesa morta do Jacuí de Marcela Ilha Bordin (RS)

Obeso mórbido de Diego Bauer E Ricardo Manjaro (AM)

Um filme para Ehuana de Louise Botkay (RJ)

Aurora de Renata Spitz (RJ)

Liberdade de Pedro Nishi E Vinícius Silva (SP)

BUP de Dandara De Morais (PE)

Perpétuo de Lorran Dias (RJ)

Miragem de Flora Dias (SP)

Lua maldita de Felipe Santo (SP)

Mesmo com tanta agonia de Alice Andrade Drummond (SP)

MOSTRA PRAÇA

Arara: Um filme sobre um filme sobrevivente de Lipe Canêdo (MG)

Avoada de Magno Pinheiro (RJ)

O órfão de Carolina Markowicz (SP)

A praga do cinema brasileiro de Zefel  Coff E William Alves (DF)

Sereias de Barbara Vida (RJ)

Quando elas cantam de Maria Fanchin (SP)

Majur de Rafael Irineu (MT)

Megg – A margem que migra para o centro de Larissa Nepomuceno E Eduardo Sanches (PR)

Preciso dizer que te amo de Ariel Nobre (SP)

Sair do armário de Marina Pontes (BA)

Guará de Fabrício Cordeiro, Luciano Evangelista (GO)

Soccer boys de Carlos Guilherme Vogel (RJ)

Kris Bronze de Larry Machado (GO)

Jéssika de Galba Gogoia (RJ)

MOSTRA CORPOS ADIANTE

Lui de Denise Kelm (PR)

Quebramar de Cris Lyra (SP)

Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados de Aiano Bemfica; Camila Bastos; Cristiano Araújo; Pedro Maia De Brito (MG)

Noirblue de Ana Pi (MG)

MOSTRA FOCO MINAS

Russa de João Salaviza, Ricardo Alves Jr. (MG)

À cura do rio de Mariana Fagundes Azevedo (MG)

Trabalho de Desali (MG)

Obreiras de Ana França, Gabriela Albuquerque E Isadora Fachardo (MG)

Logo após de Ana Carolina Soares (MG)

Teoria sobre um planeta estranho de Marco Antônio Pereira (MG)

Plano controle de Juliana Antunes||Assistente Direção: Giselle Ferreira (MG)

MOSTRA FORMAÇÃO

Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno de Leon Reis (CE)

Eu preciso te ver no fundo dos meus olhos de Letícia Gomes (SP)

Maria de Vini Campos (SP)

Peixe, pizza e picaretas – Fish Head de Maynard S Farrell (SP)

Espavento de Ana Francelino (CE)

O cego da casa amarela de Joachim Nadar & Lemuel Gandara (GO)

Peixe de Yasmin Guimarães (MG)

Fartura de Yasmin Thayná (RJ)

 • MOSTRA JOVEM

Arteiro de Bruno Carvalho (MG)

Além dos muros de Robney Bruno Almeida (GO)

Salve todos de Isabela Renault (MG)

Cravo, lírio e rosa de Maju De Paiva (RJ)

MOSTRA CENA REGIONAL

O jacaré e o homem do boi de Paulo Alexandre Coelho (MG)

A partida do menino Neimar de Rafael Cruz Bianchini (MG)

Baixa Funda o destino de um povo de Marcello Sannyos (MG)

Casulo de Rafael Aguiar (MG)

Um certo Maralonso de Samuel Fortunato (MG)

MOSTRINHA

Histórias de criança: O pirata Chulé e o jogo do tesouro de Heder Dias Godinho (MG)

Meu melhor amigo de Laly Cataguases (MG)

Òpárá de òsùn: Quando tudo nasce de Pâmela Peregrino (BA)

A natureza agradece de Ana Maria Cordeiro (GO)

Manche de Livia Collino (SP)

As aventuras de Pety de Anahi Borges (SP)

MOSTRA VALORES

Quantas cidades habitam em uma? de Isis Alcântara e Isis Bey (MG)

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