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Reportagens

Janela abre crowfunding para realizar 12ª edição

Teste de fidelidade: quanto custa sua paixão pelo cinema? Então, que tal ajudar quem alimenta tal paixão?

Por Luiz Joaquim | 08.10.2019 (terça-feira)

A 12ª edição do Janela Internacional de Cinema do Recife só irá acontecer se você se movimentar. No dia de ontem (7), a CinemaScopio Produções, responsável pelo festival, deu partida a uma campanha de financiamento coletivo, ou simplesmente crowfunding.

Será por ele que o Janela poderá ver a luz do dia em 2019. Os contribuintes poderão participar com o valor mínimo de R$ 20 por meio da plataforma ‘Benfeitoria’ (para acessar, clique aqui), sendo recompensados com brindes.

A campanha fica aberta até 7 de novembro. Será, portanto, um mês de teste bem interessante para verificarmos o quanto se gosta de cinema no Recife, para além do que sai da boca quando se fala, e para além dos dedos quando se tecla nas redes sociais.

Inicialmente almeja-se atingir a meta de R$ 30 mil, que devem custear grande parte das operações do festival, a ser realizado no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

O maior público na história do Janela foi de 19 mil pessoas, na edição de 2015. Se formos à matemática, e tivéssemos 19 mil pessoas muito gratas pelo que viram naquele ano por meio do Janela, a CinemaScopio teria, no mínimo, R$ 380 mil para fazerem, em 2019, a edição mais incrível de todas.

No momento em que escrevemos estes texto, 55 benfeitores já se manifestaram lá no ‘Benfeitoria’, somando, neste momento, R$ 4.750.

E você fará o que?

Os organizadores do Janela divulgaram ontem uma carta aberta, que o CinemaEscrito reproduz abaixo.

Carta aberta aos apoiadores do Festival

Queridos amigos do Janela. Aos que fazem, veem e pensam filmes. Às pessoas que de alguma forma já fizeram parte do Janela Internacional de Cinema do Recife.

Os cortes no apoio à Cultura implantados pelo atual Governo Federal deixaram o Janela, já com 12 anos de trabalho, sem base para a sua realização este ano. Tais restrições têm atingido inúmeros festivais de cinema no país, e a indústria do audiovisual brasileiro como um todo.

Desde 1º de janeiro deste ano, a Petrobras, nossa justa parceira há cinco anos, não apoia mais nenhum festival ou projeto audiovisual pelo país, tampouco o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O edital do Funcultura, do Governo de Pernambuco, nosso apoiador contínuo desde a primeira edição, teve seu lançamento atrasado por causa de tensões na Ancine – Agência Nacional de Cinema. 2019, portanto, será a primeira vez em que não poderemos contar com o edital pernambucano. Mais do que nunca, neste ano precisamos fazer o Janela com você.

Inicialmente, a equipe do Janela cogitou a não realização do festival. Logo chegamos ao sentimento de que seria uma prova enorme de coragem cancelá-lo. Não temos esse tipo de bravura. Imaginar a Rua da Aurora deserta à noite neste ano, nas datas reservadas ao Janela, não é uma opção.

De 2008, nossa estreia, até hoje, contabilizamos cerca de 130 mil espectadores utilizando em média duas salas de cinema. Nesses 12 anos, exibimos aproximadamente 1.400 filmes entre curtas, médias e longas-metragens. De filmes centenários quase perdidos a estreias mundiais. Filmes incríveis, filmes estranhos, filmes delicinha, filmes maravilhosos…

Festivais de Cinema não apenas exibem filmes, mas mantêm as ideias em movimento, compartilhadas. Festivais mantêm a Cultura viva e forte. Quem vai e quem já veio ao Janela sabe da energia que circula aqui. O público, as realizadoras e os realizadores, os cinemas São Luiz e as duas salas do Cinema da Fundação. É um encontro incomum.

Isso porque o Janela apresenta, a cada edição, um recorte da vida em sociedade, de filmes feitos em todo o mundo, mas também no Brasil, no Nordeste do nosso país e do Recife.

Aprendemos com a comunidade e com o tempo. Em São Paulo e Rio, no Recôncavo Baiano e em Salvador, em Belo Horizonte, em Porto Alegre, na República de Curitiba e em São Luís do Maranhão, em Rio Branco, em Goiânia. Nossos festivais amigos estão procurando formas de resistir. Muitos, jovens, como nós, cada um num canto do país. Sabem o que construímos juntos e que parar é ceder e retroceder.

Somos parte de uma rede extraordinária de coletivos, de fóruns, de mostras e de festivais pelo Brasil e no exterior. Ajudamos a criar talvez o momento mais prolífico, diverso e rico da história do circuito produtivo e do pensamento artístico de Cinema neste país. Uma história de conquista, de reparação e de invenção que está só no começo. Uma História que está sob ataque e não pode se desmanchar

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