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Festivais

18 CineOP (2023) – Mesa de Abertura

Atmosfera e apontamentos promissores para a preservação audiovisual pela mostra mineira.

Por Luiz Joaquim | 23.06.2023 (sexta-feira)

– Na fotografia acima, de Luiz Joaquim, Laura Bezerra, Joelma Gonzaga, Denise Pires de Carvalho, Fabrício Noronha e Joel Zito Araújo.

OURO PRETO (MG) – A sensação mais clara que se tem aqui nesta 18º edição do CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto é a de que não há lugar mais importante para se estar nesse momento no Brasil que não seja a histórica cidade mineira, se você quer discutir política cultural, preservação audiovisual, memória, educação.

Na verdade, desde a sua primeira edição foi assim. Acontece que no atual primeiros meses do Governo Lula III, e após os últimos seis anos de trevas para a cultura nacional, ouvir a voz do Governo Federal sobre seus primeiros movimentos para a reconstrução de uma cadeia produtiva tão valiosa (em vários aspectos), e em particular no campo da preservação e educação, é particularmente revigorante.

Vigor, riso, alegria e um ímpeto para tocar novas ideias e resgatar outras ótimas afundadas pelo Governo Federal de 2016 para cá foram as marcas que ficaram, por exemplo, da mesa instalada para o debate inaugural da CineOP, que ocorreu hoje (23) pela manhã no Centro de Convenções da cidade.

Mediada pela professora e pesquisadora baiana Laura Bezerra, o debate trouxe como fala inicial a proferida por Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual (SAV) do MinC. Nela, Joelma arrancou aplausos do auditório ao listar algumas posturas de reestruturação no seu setor e, em particular, ao anunciar que o Conselho Consultivo da SAV irá eleger, pela primeira vez na história, um representante do campo da preservação.

Joelma, posteriormente, também informou que o Conselho Superior de Cinema terá, igualmente, representantes da preservação – a partir de uma listra tríplice enviadas pelas entidades do segmento –, além de uma cadeira reservada ao campo dos Direitos Humanos.

Laura Bezerra, sorridente, destacou que esta é a culminância a que todos que compõem o CineOP no segmento da preservação, há 18 anos, tanto lutaram para alcançar.

Joelma Gonzaga ainda anunciou o retorno da lendária revista Filme Cultura com o próximo número, o 64 (intermediada pela Cinemateca Brasileira e com publicação prevista para o segundo semestre), dedicado ao cinema negro. Destacou que em julho será lançada uma chamada para a edição 65, com foco no cinema LGBTQIAP+.

Já a secretária da Educação Superior do MEC, Denise Pires de Carvalho, além de apresentar dados do avanço das Instituições de Ensino Superior federais (mais de 300) ao longo das últimas décadas, comentou da necessidade de instrumentalizar as universidades com salas de cinema. “Em 2017, havia 12 salas de cinema vinculadas às universidades. É preciso ter muito mais”, apontou.

Esteve aqui também Fabrício Noronha (ES), Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, mencionando a articulação entre os secretários de cultura dos Estados da federação com 54 emissoras da rede EBC, com curadoria própria para ações de difusão audiovisual local.

Pernambuco, infelizmente, não teve nenhum representante de sua Secretaria de Cultura na plateia para ouvir e/ou contribuir com ideias para a exposição da mesa.

Foto, Luiz Joaquim

Por fim, falou o cineasta Joel Zito Araújo, tomando como ponto de partida dois de seus projetos: a série documental Ética do silêncio, para o canal pago Curta!, sobre o racismo estrutural; e o longa-metragem documental Brasiliana.

Para este, Joel Zito adiantou um pouco sobre sua pesquisa à respeito da imagem do negro no cinema nacional nos seus primeiros 40 anos de existência. Comentou sobre a importância do Teatro Negro, criado em 1951 com Haroldo Costa, e de seu sucesso na Europa onde, em 1953, participou de um filme com a Sophia Loren, dividindo uma cena de 4 minutos com a diva italiana. “Foi o primeiro filme da Sophia Loren em que ela utilizou esse seu nome artístico”.

Falou de sua busca pela origem do “carnaval enegrecido “, longe dos corsos, com os brancos desfilando nos carros pelas ruas do Rio de Janeiro. Falou da importância das Rosas negras, e seus bailes dominicais na Praça da Sé. Citou um editorial eugenista de 1929 na revista Cinearte, e encerrou sua fala clamando para que os gestores de arquivos públicos criem uma tag para apontar os negros na cinematografia brasileira.

* Viagem a convite do CineOP

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