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Reportagens

Cinema da Fundação inaugura sessão à meia-noite

A sala do Derby reabre após 2 meses e inaugura com “El Topo” a faixa “À Meia-Noite te Levarei ao Cinema”

Por Luiz Joaquim | 03.04.2024 (quarta-feira)

Após dois meses fechada para manutenção, a sala no Derby (Recife) do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco retorna com sua programação regular. Amanhã (4), o espaço estreia o francês Tudo ou nada (2023), filme de Delphine Deloget exibido em Cannes sobre uma mãe que luta pela guarda de uma filha pequena após a justiça colocá-la num lar adotivo.  O cinema no Derby também dá continuidade às sessões do turco Ervas secas (2023), de Nuri Bilge Ceylan, além de criar uma nova faixa na programação intitulada À Meia-Noite te Levarei ao Cinema, com uma sessão única, às 23h59 do sábado (6) exibindo El Topo (1970), de Alejandro Jodoroswky. A sessão terá preço promocional único de R$ 7, com a venda dos ingressos na bilheteira do Derby, aberta a partir das 23h.

À MEIA NOITE TE LEVAREI AO CINEMA – As primeiras experiências das hoje já celebradas ‘Sessões de Cinema à Meia-Noite’, presentes nas grandes metrópoles do mundo, tiveram sua origem nos anos 1930. Duas décadas depois ganharam popularidade, só que no ambiente caseiro, pela programação de algumas emissoras de tevê. Foi apenas no final dos anos 1960 que algumas salas de cinema começaram a integrar regularmente em sua programação as sessões que entravam pela madrugada.

O Cine Elgin

A mais importante entre estas salas foi o extinto Cine Elgin (hoje ‘Joyce’), localizado no novaiorquino bairro do Chelsea.

Quando o proprietário e programador do Elgin, Ben Barenholtz, anunciou que iria criar uma faixa contínua de sessões à meia-noite, ouviu de todos que estava ficando louco, que ninguém sairia de casa tão tarde para ir ao cinema.

Com a estreia do psicodélico western mexicano El Topo, lançado naquela sala em 17 de dezembro de 1970, Barenholtz provaria que estava certo estabelecendo também, e definitivamente, o conceito dos midnight movies, ou seja, obras que guardam em si algo de maldito, incompreendido, duro, violento, desconfortavelmente cômico ou mesmo rejeitado. Filmes que, pelo seu histórico underground, viriam a ser cultuados e desejados.

O icônico “El Topo”

No caso, El Topo não foi o primeiro filme da madrugada programado por Barenholtz, mas carrega na sua  história o título de pioneiro em sua capacidade de arregimentar fãs pelas sessões no Elgin. Sua estreia ganhou, inclusive, uma promoção voluntária de John Lennon e Yoko Ono, fãs declarados do filme. O Elgin promovia sessões diárias de El Topo, tendo ficado ali em cartaz até junho de 1971.

EL TOPO – Não se pode colocar este psicodélico western de Jodorowsky numa caixinha, com suas questões (no plural) separáveis por escaninhos temáticos. O enredo segue a trajetória de vida e morte de seu pistoleiro errático (o próprio Jodorowsky). Por esse caminho, vamos testemunhando conflitos espirituais e mundanos do anti-herói compartilhados com uma coleção de incomuns personagens secundários.

A coordenação do Cinema da Fundação anunciou que, com a criação da faixa À MEIA-NOITE TE LEVAREI AO CINEMA, a sala quer, enfim, disponibilizar ao seu espectador (que terá de sair tarde da noite para ir ver um filme) a “possibilidade de descobrir o valor (e o prazer) de algumas obras que outros ordinários frequentadores de cinema nunca iriam procurar ou querer entender”.

 

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