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Festivais

18o CineCeará (2008) – 6a noite

Ecos de Bergman e Dreyer em filme mexicano

Por Luiz Joaquim | 16.04.2008 (quarta-feira)

FORTALEZA (CE) – Na noite de terça-feira do 18º CineCeará, após os nada fáceis vídeos cearenses “Eu Posso Ver o que Você Sente” e “Ficamos Felizes com Sua Marcante Presença nesse Momento tão Especial de Nossa Vidas” (ufa) concorrendo na mostra competitiva, o evento ofereceu uma pérola em longa-metragem chamado “Luz Silenciosa” (Stellet Liche, Mex., Hol., Fra., 2006), do mexicano Carlos Reygadas.

Nesta ficção, Reygadas nos imerge na universo dos menomita, comunidade loura de olhos azuis que vive em Chihuahua, norte do México, oriundas da Holanda e seguindo uma postura religiosa radical. Falando um holandês arcaico, eles tambêm assumem um comportamento cultural próprio, sem nem mesmo ter contato com televisão ou usar telefone, sendo, para nós, a mais próxima referência os amishes nos EUA.

Longe do que vemos em “A Testemunha”, de Peter Weir, conhecemos por Reygadas um cenário dogmático e pontuado pela estupenda e hipnótica fotografia de Alexis Zabe. Há também uma congruência entre o ritmo de vida dos menomitas e a narrativa de “Luz Silenciosa”. O protagonista é Johan (Cornelio Wall) casado com Esther (Miriam Toews) e pai de seis lindos filhos/filhas.

Logo sabemos que Johan conduz uma paixão e relação secreta com Marianne (Maria Pankratz), também da comunidade. Fica estabelecido assim a tensão dramática do enredo, já muito visitada por outros filmes. Diferença aqui está na, repito, imersão que Reygadas nos impõe pelo ritmo e pelas imagens (todas captadas em luz natural) do universo e cenário em que vivem os menomitas.

Houve quem lembrasse, aqui no CineCeará, da relação direta de “Luz Silenciosa” com “A Palavra”, do dinamarquês Carl Dreyer, mas, uma vez deixando-se enxergar a obra de Reygadas sem interferências exteriores, será fácil encontrar beleza autêntica ali. Há ecos, também, de Bergman (“Gritos e Sussurros”) em imagens e na contenção de sentimentos entre os personagens. Filme foi comprado pela distribuidora Imovision e será lançado no Brasil. P.S.: Abertura de “Luz Silênciosas” é uma das mais simples e encantadora do cinema nos últimos anos.

*repórter viajou a convite do CineCeará

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