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Críticas

Dúvida

Chega ao Recife, finalmente, Dúvida

Por Luiz Joaquim | 17.04.2009 (sexta-feira)

Por uma lógica do circuito de exibição que não vale a pena tentar entender, chega só hoje ao Recife, quase três meses após estreia no circuito Rio-São Paulo, o esperado filme “Dúvida” (Doubt, EUA, 2008), dirigido por John Patrick Shanley, tendo sido indicado a cinco Oscar 2009: atriz (Meryl Streep), ator e atrizes coadjuvantes (Philip Seymour Hoffman, Amy Adans e Viola Davis), e roteiro adaptado (por Patrick Shanley).

Adaptações de peças para filmes é um joguinho perigoso. Estão suscetíveis a passar do limite da permissividade interpretativa do palco para os limites da tela, e não alcançar o nível cinematográfico próprio da dramaturgia. “Dúvida” não sofre disso.

Shanley administra as duas contas. O filme não se perde a ponto de transcender suas raízes teatrais (tudo acontece praticamente numa escola), mas há uma estilística fotográfica própria do cinema, em particular na angulação da câmera. E ainda, esse seu estilo não nos distrai da obscura e riquíssima temática.

De maneira astuta, “Dúvida” investiga questões sobre fé, justiça, hipocrisia, tolerância e, claro, a dúvida. Tudo a partir da postura da igreja católica. Tudo acontece numa escola católica, em 1964, um pouco após o Vaticano introduzir novas reformas a uma instituição com ranço pesado para mudanças. A freira vivida por Streep encarna essa idéia, fazendo-a temida pelos alunos.

Já o padre de Seymour Hoffman é o lado oposto, que, em busca de mais liberdade, aposta em atrair novos seguidores. O conflito acontece a partir de uma suspeita, levantada pela noviça de Amy Adams (ótima) sobre um encontro impróprio entre o padre e um aluno negro. Começa um embate que nunca é esclarecido, nem mesmo pelo espectador. Julge você mesmo.

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