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Críticas

Os Vampiros que se Mordam

Amor entre Bella e o vampiro Edward ganha versão cômica

Por Luiz Joaquim | 01.10.2010 (sexta-feira)

É curioso perceber como a indústria do cinema norte-americano não apenas transforma tendências variadas em produtos culturais para consumo massivo, mas ainda tenta lucrar com filmes que satirizam essas mesmas modas. Nos anos 1990, a franquia do terror juvenil “Pânico” gerou outra série de obras, “Todo mundo em pânico”, que ironizava os códigos do gênero terror. Agora o fetiche parece ser com vampiros que passam por dramas adolescentes, como os vistos na saga Crepúsculo, então era de certa forma natural surgir uma dessas sátiras filmadas sobre a saga teen escrita por Stephenie Meyer.

“Os vampiros que se mordam” é a nova possível franquia de filmes ruins que ironizam outros filmes ruins, e cria comédia em cima da história do amor impossível entre o vampiro Edward e a adolescente Bella, e o lobo Jacob como o rapaz ignorado. O filme faz um mix geral da cultura pop contemporânea, incorporando à narrativa o próprio fanatismo extremo aos filmes da saga, em detalhe metalinguístico.

São ideias que partem do nada para lugar nenhum, e apenas repetem piadas banais sobre vampiros e lobisomens, como vampiros que usam protetor solar 500 e lobisomens que perseguem gatos.

A história é basicamente a mesma de Crepúsculo. Bella conhece Edward e eles tentam começar um romance, dificultado pela condição de chupador de sangue de Edward. Jacob é o rapaz de músculos exagerados e coração bom, candidato ideal para se tornar “o amigo gay”, como comenta Bella.

Nesse tipo de sátira é previsível que a engenharia interna dos filmes referenciados seja exposta, com carga de ironia direcionada às falhas mais evidentes do material original. No caso dessa estreia de baixa produtividade, o foco é fazer piadas reduzindo os personagens a estereótipos de fácil identificação. É como se o fato de ser uma sátira fosse desculpa para personagens previsíveis, que agem dentro do limite de seus rótulos.

Há a tentativa de falar sobre a representação clichê do universo teen nesses filmes, em que cada ator tem seu papel pré-definido. Mas essa tentativa, que poderia servir de crítica travestida de ironia sutil, parece apenas perpetuar essa mesma visão preconceituosa, em que os vampiros maus ou são negros ou estrangeiros, e adolescentes têm sempre papel direcionado pela cor ou orientação sexual. Ao menos a tortura dura menos de 90 minutos.

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