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Clássicos

O Sétimo Selo

Um filme que é uma instituição

Por Luiz Joaquim | 30.07.2015 (quinta-feira)

O que dizer de novo sobre um filme que vem minuciosamente sendo dissecado, por mais e melhores, ao longo de seus quase 60 anos de existência, tendo tornado-se uma referência universal na história do cinema?

Há muito, na verdade, quando esse filme é “O Sétimo Selo” (Det Sjunde Inseglet, Sue., 1957), de Ingmar Bergman. Pois, na história do cavaleiro medieval que retorna ao seu país e encontra um rastro de devastação deixado pela Peste Negra, o cineasta nos dá uma alegoria pela qual a busca pelo sentido da vida torna-se ainda mais aguçada. Não seria esta, enfim, a grande questão humana?

É exatamente pela contínua consciência de que o “fim do mundo” está acontecendo neste momento – e assim permanecerá enquanto houver um homem sobre a terra que tema a morte – que torna “O Sétimo Selo” um filme atual e sempre estimulante.

O encontro do cavaleiro Antonius Block (Max Von Sydow, no primeiro dos dez filmes que faria com Bergman) com a Morte (Bengt Ekerot em caracterização inesquecível) reforça ainda mais o mistério da instintiva luta pela vida. Tudo alegoricamente resumido a um jogo de xadrez.

Antes do grande encontro, porém, Begman nos expõe, pelos olhos de Block e seu lacaio (Gunnar Blornstrand), ao rastro de desgraça que acometeu a terra natal do cavaleiro, no século 12, e que ele agora constata, confuso, após dez anos longe lutando nas Cruzadas.

Como compreender, portanto, a justiça divina? Há justiça? Há divino? É para além das possibilidades do conhecimento humano que Bergman quer nos situar aqui. Balizando-se sempre pelas questões que sempre lhe inquietaram e que de alguma forma aparece em todos os seus filmes, como a impossibilidade de comunicação, a angústia pela existência, os conflitos da individualidade versus o amor, e o inevitável encontro com a morte.

Diante de um cenário de horror, apenas nas figuras dos divertidos e leves mambembes, interpretados por Bibi Andersson e Nils Poppe, é possível ser poupado. É quase como um recado de Bergman nos lembrando que apenas pela pureza há a possibilidade de manter-se forte ao deparar-se com a hipocrisia. Diante do horror apenas “o leite da ternura humana” tem alguma chance.

CLASSICOS – Esta versão em cartaz de “O Sétimo Selo” foi restaurada e chega ao Brasil em versão digital DCP por uma parceria das distribuidoras FJ Cines e Zeta Filmes, que em breve lançam outros clássicos como “Morangos Silvestres”; “A Doce Vida” “8½” “Mamma Roma”; “Nosferatu: O Vampiro da Noite” e “Fitzcarraldo”.

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