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Festivais

20º Tiradentes (2017) debate Mulheres na Crítica

Coletivo “Elviras” apresenta o cenário das mulheres atuantes na crítica de cinema.

Por Luiz Joaquim | 24.01.2017 (terça-feira)

A tarde de ontem viu nascer, pela 20º Mostra de Cinema de Tiradentes, a primeira manifestação pública do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Já composto por 68 integrantes, o grupo apresentou o seminário As mulheres na crítica: Cenário brasileiro sendo representado pela jornalista e documentarista paulista Flávia Guerra, pela crítica, professora e pesquisadora gaúcha Ivonete Pinto, e pela jornalista e doutoranda cearense Camila Vieira.

Na pauta, a escassa presença do olhar feminino na grande mídia, a consequente pouca visibilidade da produção cinematográfica de realizadoras mulheres, a falta de espaço equilibrado em associações críticas, a presença de mulheres que escrevem sobre cinema em festivais, a representatividade feminina no cinema universitário.

Flávia Guerra abriu o assunto contextualizando o surgimento do Elviras, mas antes lembrou que mais do que trazer o “olhar feminino” para o foco a ideia é trazer o “olhar da diversidade” e que essa perspectiva não deve “sobrepassar o filme em si”. Como objetivo há um interesse em tornar mais presente a participação feminina na crítica, na confecção de catálogos e na participação em festivais de cinema.

 “E por que o nome Elvira? Vem de Elvira Gama, ela foi a mulher pioneira a escrever sobre cinema no Brasil, num jornal corporativo. Assinava a coluna Kinetoscópio no Jornal do Brasil [RJ] no ano de 1894”, explicou.

Ivonete Pinto fez um apanhado sobre a presença das mulheres nas entidades de crítica de cinema espalhadas pelo País e no mundo. Lembrou que as próprias entidades, no Brasil, são algo recente. Enquanto a Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema) surgiu 1925 – e hoje tem vínculo com 50 países -, no Brasil a primeira iniciativa oficializada nessa categoria surgiu nos anos 1980 pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro.  “No Rio são 36 sócios dos quais apenas três são mulheres”, disse.

“É verdade que existe a Associação de Críticos do Pará, que surgiu nos anos 1960, mas ela não foi formalizada. Nem por isso deixamos de considerar sua importância. Hoje ela trabalha com 13 sócios, dos quais uma é mulher”, registrou a pesquisadora.

Entre as outras associações locais no Brasil existem a do Ceará (15 sócios, três mulheres) e a do Rio Grande do Sul (39 sócios, oito mulheres). Já a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), fundada em 2011, conta com 94 integrantes, sendo 19 mulheres.

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crédito das fotos: Beto Staino/Universo Produção

Camila Vieira encerrou trazendo uma detalhada radiografia da participação das mulheres nas produções que constam em festivais de cinema, a começar por esta edição da Mostra de Tiradentes, quando 157 longas se inscreveram para estar no festival e destes, 37 eram dirigidos ou co-dirigidos por mulheres.

“Na competitiva de Gramado 2016, foram seis longas-metragens brasileiros e nenhum deles havia mulher na direção, algo que foi criticado na época da divulgação. Já em Brasília 2016, foram nove longas sendo dois dirigidos ou co-dirigidos por mulheres. Com o detalhe que A cidade onde envelheço, de Marília Rocha, venceu Brasília”, lembrou.

“Aqui em Tiradentes, quando estamos já na 20a edição, saíram vencedoras mulheres apenas em duas edições. Foram a Maria Clara Escobarcom Os dias com ele (2013), e Marina Meliande [com Felipe Bragança] por A fuga, a raiva, a dança, a bunda, a boca, a calma, a vida da Mulher Gorila (2009)”, encerrou.

 * Viagem a convite da Mostra

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