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Função ou Arremedo da Crítica

Celso Marconi reflete sobre a importância, ou não, da crítica.

Por Celso Marconi | 15.07.2021 (quinta-feira)

– texto originalmente publicado em 5 de julho de 2021 (segunda-feira).

Quem é ou foi profissional da crítica cinematográfica sempre vive preocupado com a velha questão da importância que ela pode ter. Ou não ter. Sempre pensamos, acho, que se não chegamos nem aos leitores nem tampouco aos realizadores então a nossa participação é nula. Desde o começo nos anos 1950 eu tinha essa preocupação comigo. E mesmo que tenha mudado de forma de maneira de escrever entretanto meu pensamento continua vigente para mim. Cinema não é divertissement como, durante muitos anos, foi a divulgação principal da empresa que era a maior exibidora no País, a de Luiz Severiano Ribeiro.

E assim as coisas acontecem. Ou se afirmam. E é interessante quando um cineasta do nosso Estado – Pernambuco – mas que é hoje a figura mais conhecida e atuante não no nosso Estado mas no país coloca a importância do nosso trabalho – da dupla Fernando Spencer e Celso Marconi – que aconteceu do final dos anos 1950 até mais ou menos os anos 1980 do século passado. Nós tínhamos nas mãos os dois jornais que eram fundamentais na época para a divulgação e circulação e formação da cultura pernambucana. E tínhamos consciência disso. E sentíamos diretamente como o nosso trabalho tocava nas pessoas. E não só nos leitores mas também nos realizadores. Naqueles de quem nós divulgávamos o trabalho deles.

Nós tivemos muitas voltas. Pessoalmente tínhamos conversas pessoais com aqueles que eram notícia para nós. E ao lado das conversas que não nos interessavam muito, porque seriam meros elogios, recebíamos feedback fundamentais através do que sabíamos quando falávamos com objetividade e correta fundamentação. Tenho consciência de que não éramos dois bobos vaidosos mas sim dois profissionais que trabalhavam em setores bem próximos e não queríamos mais do que cumprir com o nosso trabalho profissional. Cada quadro [N.E.: obra de arte; pintura] que me era dado após matérias sobre artes plásticas publicadas me serviam não como bem material mas sim, para mim, como reconhecimento da importância do meu trabalho jornalístico. E assim tenho hoje dezenas de ‘troféus’ que são mais expressivos do que medalhas chegadas através de órgãos oficiais.

E então publico aqui esse texto escrito pelo cineasta Kleber Mendonça Filho; um texto escrito em francês para ficha de inscrição no Sindicato de Críticos na França que deve ter âmbito internacional e que foi traduzido por mim. Para que o nosso trabalho – meu e de Spencer – seja conhecido pelo pessoal do Brasil.

Nota do editor: para ler o texto original de Kleber Mendonça Filho, clique aqui.

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